foto de: A&M ART and Photos
Não..., não chores. Não chores não, porque as lágrimas são gotículas de silêncio nos lábios do nocturno desejo..., não, não chores... não!
Porque as pedras são palavras disfarçadas de uivos sorrisos nas parvas madrugadas...
sinto de ti as coisas perdidas que as ruas de Lisboa absorveram
sinto em ti
(uma rosa morta dentro de um livro)
a saudade verde na branca tela do corpo magoado da cachopa de cabelo encaracolado...
a pele flácida e escura como nocturnas avenidas em mesas de bares nos portos de engate
sinto em ti
de mim
não
não chores
não
não chores não...
porque as pedras são palavras disfarçadas de uivos sorrisos nas parvas madrugadas
um rio de chuva corre nas tuas veias de alga amaldiçoada
o espelho meu espera-te e despe-te
ficas sossegada sobre a desassossegada mesa-de-cabeceira
na eira saltitam as espigas do velho milho em delírios corações de azoto
e tu
entre as frestas do espigueiro...
alimentas-te da minha apaixonada mão como lábios do nocturno desejo
não
não chores...
não venhas ao meu encontro porque lá fora há sonâmbulas paixões com cabeça de pôr-do-sol
e choras porquê?
e vens a mim... porquê?
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 7 de Dezembro de 2013