foto de: A&M ART and Photos
sinto-me perdido no labirinto da insónia
da janela em linguagem gestual
oiço os vampiros beijos das avenidas entristecidas
os candeeiros escondem-se numa cama de enfermaria
a palavra ténue que o néon absorve
está viva
e habita dentro das tuas veias envenenadas pela solidão dos dias
invento horas
desenho relógios na algália do sofrimento
sinto-me perdidamente perdido no labirinto da insónia
troco a saudade por meia dúzia de cobertores de lã
e sei que na rua vivem flores com sorrisos coloridos
uma sombra vestida de cetim...
acena-me
chama-me...
e come-me como se eu fosse um animal enferrujado do sobejado aço dos barcos fantasmas
o cais espera-me
e o marujo enlouquecido amarra-me aos esconderijos de pedra
sinto-me perdido
perdido procurando uma paragem
ou
a cinzenta madrugada para aportar
sento-me e beijo-me
e tu preferes os meus desastrados medos nocturnos
aos parafusos que brincam nas mesas infestadas de cigarros do bar neblina
o labirinto adensa-se como as estrelas de papel
o meu corpo flutua sobre uma lâmina de gelo
e sinto-me perdido neste labirinto negro e escuro das palavras constipadas
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quinta-feira, 12 de Dezembro de 2013