foto de: A&M ART and Photos
o espaço exíguo do meu sonho perde-se na neblina de prata
sei que uma língua de fogo jaz nas profundezas da tristeza
que de um bairro em chapa
acordou a madrugada cinzenta em pétalas de ciume sem beleza
chata
a miúda da perfumaria a tentar impingir-me livros pornográficos
cinzeiros
lanternas mágicas com anéis de poesia...
a miúda diz amar-me sem saber o que é o amor
como eu desconhecia as lágrimas dos bravios pinheiros
das tardes fotográficas
que o recreio da escola inventava entre serpentinas e muros de fantasia
alegria
sorria...
dizem-me que estou a ser filmado
porcaria
com a autorização de quem pergunto eu ao primeiro vagabundo das amendoeiras em flor
alegria
sorria...
lanço-me do telhado e debruço-me sobre as veias mágoas dos cristais envenenados
uma flor em papel é como um jardim desenhado pela mão de um pintor
aberrantes lábios que seguram as florestas da montanha na ponta do lápis de cor
sinto-me exíguo dentro do espaço nas neblinas de prata
és tu tão chata
sou eu... eu um rochedo recheado de pontos pigmentados nas manhãs dos quadriculados
uma rosa à janela do desassossego milagre que a liberdade adensa depois das tempestades...
e o espaço exíguo... sou eu... o homem desiludido com os barcos de veludo em negras tardes
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sexta-feira, 13 de Dezembro de 2013