foto de: A&M ART and Photos
não percebes que o sonho é uma porta em aço
e enquanto dormes
eu
eu construo canhões de papel para arrombar essa maldita ranhura de carne com ossos em madeira
inacessíveis
e indolores... os olhos absorvem-te os perfumes das madrugadas inventadas pelo calendário do sofrimento
choras
habitas em lágrimas oceânicas
choras... e choras...
não percebes que agora... que agora o sofrimento é de verdade
é o teu sofrimento
e são as tuas lágrimas
não percebes que nas minhas mãos habitam lençóis de água
com barcos enferrujados
com homens apaixonados
e mulheres apaixonadas
e apitos doirados
nos prazeres desgovernados
não
não sentes a dor da travesti doença
não dizes nada
silencias-te como uma porta em aço
a mesma
a outra... o sonho
não percebes as minhas palavras
não percebes os meus medos
aqueles que te atormentam enquanto dormes
sonhas
enclausurado pela porta em aço
e mentes... mentes quando respondes que está tudo bem... e nada está bem... nada.
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 14 de Dezembro de 2013