Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

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Dez 13

foto de: A&M ART and Photos

 

não percebes que o sonho é uma porta em aço

e enquanto dormes

eu

eu construo canhões de papel para arrombar essa maldita ranhura de carne com ossos em madeira

inacessíveis

e indolores... os olhos absorvem-te os perfumes das madrugadas inventadas pelo calendário do sofrimento

choras

habitas em lágrimas oceânicas

choras... e choras...

não percebes que agora... que agora o sofrimento é de verdade

é o teu sofrimento

e são as tuas lágrimas

não percebes que nas minhas mãos habitam lençóis de água

com barcos enferrujados

com homens apaixonados

e mulheres apaixonadas

e apitos doirados

nos prazeres desgovernados

não

não sentes a dor da travesti doença

não dizes nada

silencias-te como uma porta em aço

a mesma

a outra... o sonho

não percebes as minhas palavras

não percebes os meus medos

aqueles que te atormentam enquanto dormes

sonhas

enclausurado pela porta em aço

e mentes... mentes quando respondes que está tudo bem... e nada está bem... nada.

 

 

(não revisto)

@Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 14 de Dezembro de 2013

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:36

foto de: A&M ART and Photos

 

o papel tua pele que se entranha na madrugada

a canção do menino triste esconde-se entre os arbustos loucos da despedida

o salário emagrece os seios das meninas de leite

e o menino não tem medo do silêncio amanhecer

o papel estremece e arde

e a fogueira dos teus sorrisos parece a chuva violenta das tardes em tempestade

vadias e tristes

tristes.. e emagrecidas mulheres de areia na tua pele anelar que a solidão tece como velhas teias de aranha

tua doce lâmina de papel que um calendário come e vomita nas gotículas negras do suor em suaves prestações de desejo

abraço-te

não

é proibido abraços e beijos e...

pontapés em sílabas mortas

doentes

ou... envenenadas

o cheiro a mofo sai da minha algibeira

o dinheiro em pequenos esqueletos de vidro... simplesmente se derretem como cubos de chocolate...

há farturas

churros e guardanapos nus com braços em prata

a roulote engana-se no pavimento

e desaparece no corredor da morte

há flores à tua espera

há uma lápide de prazer deitada num divã menstruado...

e... e o papel tua pele que se entranha na madrugada

não é mais do que pequenas partículas de sémen desproporcionais que uma equação diferencial alimenta

vive

vive só como vivem os pinheiros esquecidos na montanha do destino...

come-me enquanto durmo

e sonho com janelas pinceladas de verniz

com telhados de cinza

e ardósias...

e o meu nome

o meu nome desenhado a giz

a senhora professora diz que é banal a paixão dos lábios siderais das mangueiras ensanguentadas

há masturbação em grupo na sala da saudade

e... e os beijos proibidos... proibidos são... como o papel de parede gritando LIBERDADE.

 

 

(não revisto)

@Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 14 de Dezembro de 2013

publicado por Francisco Luís Fontinha às 20:34

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