Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

31
Dez 13

foto de: A&M ART and Photos

 

Voo entre as espadas de sombra das paredes de gesso

oiço do vão de escada os uivos do lobo cinzento

talvez se sente

talvez... me espere

oiço-lhe na voz os silêncios do medo

os arrufos da solidão

do vão de escada... alcança-se o sótão das palavras

onde habita uma folha rasgada,

 

Uma frase suspensa no arame da paixão...

uma moeda de prata que roda sobre a mesa-de-cabeceira

voo e não dou conta dos ponteiros do velho relógio em direcção ao abismo

uma trégua... preciso urgentemente da trégua do sossego

uma amiga palavra

uma toalha envenenada

encharcada... como o éter embriagado depois das pétalas caírem sobre o mar

e a gaivota dos teus lábios acordar das marés esverdeadas,

 

Voo... entre as espadas... gesso

sinto-o como lâminas de espuma sobre o meu pescoço à deriva no Oceano do amor

voo e não voo.. vou depois de partir conhecer os túmulos secretos dos esqueletos em desejo

voo como uma gaivota sem asas

estonteante

doente...

fugindo da doce guilhotina dos dias sem Primavera

voo e voo até tombar como uma árvore sobre o jardim das despedidas...

 

Fingidas

sinto-o como sentia o sal dentro das minhas veias

cordas de nylon voavam como eu sobre a cidade dos delírios

despedidas...

porquê?

aceites somos palhaços de palha seca dormindo no centro da eira com vista para a torre da Igreja

e de fingidas

às... prometidas... prometidas espadas de sombra das paredes de gesso.

 

 

(não revisto)

@Francisco Luís Fontinha – Alijó

Terça-feira, 31 de Dezembro de 2013

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:45

foto de: A&M ART and Photos

 

fugir de mim e esconder-me dentro do silêncio pergaminho

enrolar-me às palavras não escritas

aquelas pensadas e não ditas

fugir...

caminhar sobre os cobertores da insónia

despedir-me da inocência mão do destino

ir ao espelho

vestir-me de menino...

e fugir

fugir... fugir de mim até acordar a madrugada prateada

e ouvir-te sorrir

e sentir-te saltitar sobre a ardósia rasurada...

 

fugir

fugir das noites por ti inventadas

escrever

escrever... e fugir... e adormecer nas tuas lágrimas choradas

 

fugir de mim

abrir a janela dos abismos rochedos com olhos castanhos

sentar-me

sentar-me à beira rio e... fugir de mim e esconder-me dentro do silêncio pergaminho

escrever

sentir no rosto o vento abandonado

vagueando pela cidade como um mendigo coitado

fugir...

fugir e fugir... até que o cortinado do desejo arda nas lápides dos alicerces desalinhados

fugir

e escrever...

escrever nos lábios das pétalas embriagadas como homens estatuados...

 

(fugir

fugir das noites por ti inventadas

escrever

escrever... e fugir... e adormecer nas tuas lágrimas choradas)

 

fugir

fugir e sentir...

sentir os orgasmos fingidos

dos pinheiros bravios da montanha do medo...

fugir e fugir e partir... partir sem sentir os falsos amigos

fugir de mim e esconder-me dentro do silêncio pergaminho.

 

 

(não revisto)

@Francisco Luís Fontinha – Alijó

Terça-feira, 31 de Dezembro de 2013

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:53

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