Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

18
Dez 13

foto de: A&M ART and Photos

 

Imaginas-me?

descreve-me como és se ainda não o és

isto é

imaginas-me imaginando caminhar mar adentro

escrever na areia os verbos emagrecidos das pétalas doiradas

descreve-me

e imaginas-me... como um barco que se afoga no Oceano

imaginas-me como um náufrago sufocado com imensas palavras

desenhos

ruas

portas e janelas

e bancos de jardim

 

Belas

as flores

e os canteiros das intermináveis manhãs de Outono...

 

Elas

as bailarinas sem sono

imaginas-me?

candeeiros de papel

fios

meias...

cobertores imaginados quando me imaginas...

imaginas-me... deitados

o silêncio entrelaçado na tua mão

o beijo entalado nos teus lábios

imaginas-me?

eu... eu apaixonado?

 

Belas

as flores

e os canteiros das intermináveis manhãs de Outono...

 

Imaginas-me sendo o Sol?

mulher criança velho doente?

pigmeu cansado ausente...

sombra árvore e presente

imaginas-me... farto das palavras

dos versos

dos poemas e das... putas

parvas...

traiçoeiras madrugadas

nocturnas drogadas as tílias em chá...

e eu... esperando que me imagines...

… descreve-me como és se ainda não o és.

 

 

(não revisto)

@Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quarta-feira, 18 de Dezembro de2013

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:49

17
Dez 13

foto de: A&M ART and Photos

 

Aqui sei que me esperas como janelas envenenadas

aqui sei que me amas

e desejas

sempre que o cortinado tomba e dele se derrama o líquido chamado de solidão...

aqui tenho-te dentro de mim

aqui sou eu

aqui... aqui somos livres de amar

desejar

possuir esqueletos com asas em papel

e és gira com vestidos de napa

derretida nos límpidos tecidos do teu insignificante corpo encurvado

ao leme o velho monstro de quatro cabeças...

 

Confessas-me que tens velas de seda

… e desejas tanto o vento como a sombra da minha mão...

vaidosa

pareces uma pomba com sandálias de porcelana

Princesa

invejosa...

 

Aqui confundo-me com as árvores envelhecidas

onde poisam pássaros recheados de reumatismo

e bicos de papagaio...

aqui sou feliz

aqui

aqui vivo percebendo que a vida é uma roldana

uma velha roda dentada

gasta

sem dentes

sem nada

aqui sei que me esperas como janelas envenenadas

e quando desce a lua sobre os teus seios... apenas oiço o suspiro das calçadas

 

Aqui já fui o Príncipe das Avenidas gastas

o velho escorpião dos bares nocturnos do prazer

aqui fui o velho marinheiro

o cachimbo de água do confuso poeta escritor aldrabão e impostor...

aqui vivo

e aqui morrerei como uma serpente enrolada no pescoço da saudade

 

Aqui

aqui... serei o teu cadáver depois de travestido em fúnebre jarra parda com flores plastificadas

cansadas e tristes e aqui...

aqui... perdi-me de ti enquanto voavam as gaivotas dos círios cabelos castanhos da montanha.

 

 

(não revisto)

@Francisco Luís Fontinha – Alijó

Terça-feira, 17 de Dezembro de 2013

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:57

16
Dez 13

foto de: A&M ART and Photos

 

Fingíamos o sossego quando dentro de nós habitavam tempestades

fugíamos para o cume da montanha mais próxima

abríamos uma das quatro janelas da ginga

fundeávamos junto ao corpo emagrecido que a madrugada acabava de expelir

fingíamos

e fugíamos

e uma chaminé alicerçava o vento à copa das árvores

os pássaros pareciam agulhas enfeitando panos de renda

e os poucos galhos dos desenhos queimados...

apenas sobejaram os lenços de papel

lágrimas

e nada mais para recordar...

 

A saudade morria...

e aos poucos erguia-se o desejo cansado

virgem...

atraiçoado

 

Fugíamos das cavernas com carris de prata

abríamos o livro dos sonhos na página duzentos e sessenta e três...

a ginga vomitava soníferos gonzos com alegres pregos de aço

a árvore de Natal tinha desmaiado...

tonturas

talvez devido ao excesso de luz

ou... com medo das sombras que todos nós sabíamos existirem no nosso corredor sem portas

ouvíamos vozes que provavelmente tinham a sua origem no presépio da loja Chinesa...

e confesso que não percebi patavina do que elas diziam...

apenas percebi que a vaca sofria de cólicas renais

e

nada mais.

 

 

(não revisto)

@Francisco Luís Fontinha – Alijó

Segunda-feira, 16 de Dezembro de 2013

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:37

15
Dez 13

Foto de: A&M ART and Photos

 

Desprendem-se das nuvens os pregos negros da cidade dos cães, tinham-me dito que na rua dos Prazeres habitava uma janela com cortinados de areia, havia uma menina de cabelo doirado e no pulso..., sentíamos o vento dançar sobre a neblina madrugada,

No pulso as pulseiras das feridas cansadas,

A madrugada entretinha-se com um baralho de cartas, meia dúzia de azeitonas e algumas rodelas de linguiça..., havia chouriço assado e pão de centeio, música desgovernada que a menina com pulseiras das feridas cansadas deliciava-se a ouvir, encerrava os olhos e

Voava...

Sobre os plátanos maternos dos dias nublados o mar da saudade entrava-nos dentro da cabana com telhado de colmo, nunca vi a chuva dentro do corpo dela quando a roupa desaparecia do estendal e um emagrecido esqueleto de desejo deambulava em cima do cobertor de lã que alguém nos tinha oferecido, ainda muito antes de ela ser ela, ainda mesmo quando não tínhamos, ainda mesmo quando não usávamos...

Beijos, e margaridas nas jarras em porcelana,

E

Voava o cretino calendário com a fotografia do espantalho de palha, junto à eira uma pequena fogueira alimentava a canção dos grilos aflitos dentro da cratera terra onde brincavam espigas de milho, feijão e aqui e além...

O centeio vivia sufocado com as auroras boreais das latidas palavras caninas, o burro culminava a exuberante letra do poema abandonado, fotografias infinitas zurravam nas labaredas da fogueira que a eira gritava

São minhas, são minhas... são minhas as tontas palavras,

Ninguém se mexia, ninguém acreditava em fogueiras, círios e desenhos inscritos na docas árvores com espelhos de prata

Eu + Tu,

Dois parvos,

Amor de...

Outra parvoíce... amo-te... nunca mais...

(desprendem-se das nuvens os pregos negros da cidade dos cães, tinham-me dito que na rua dos Prazeres habitava uma janela com cortinados de areia, havia uma menina de cabelo doirado e no pulso)

Eu + Ele,

E

voava, e são minhas, são minhas... são minhas as tontas palavras, aquelas que escrevia no corpo dele enquanto o tempo morno

Morno?

Não, não morno...

Morto, matávamos o tempo escrevendo versos no corpo um do outro, ela dizia que as árvores estavam agoniadas com tantas

Tontas?

Não, não tontas, com tantas velhas inscrições...

Eu + Tu,

Será, não será, e uma seta aproveitava a esplanada da paixão e alojava-se no coração desenhado do velho tronco, a navalha entrava corpo adentro, a navalha recheava os telhados amaldiçoados das ruas com janelas...

E

Os cortinados

Da cidade

Da cidade dos cães, latidos, uivos, suspiros...

A paixão?

O amor morto depois de assassinado pela canção da menina com pulseiras... no pulso as pulseiras das feridas cansadas, e cansadas elas percebiam que éramos sombras à espera do desarrumado relógio de pulso, o mesmo que esteve presente na noite de núpcias, o mesmo que presenciou o primeiro “charro”, aquele que assistiu à primeira “chinesa”... aquele que acreditava na menina com pulseiras

Parvas,

Monas,

Tolices em palavras depois de mortas.

 

 

(não revisto - ficção)

@Francisco Luís Fontinha – Alijó

Domingo, 15 de Dezembro de 2013

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:41

foto de: A&M ART and Photos

 

a minha cidade despede-se do teu corpo em decomposição

um putrefacto sorriso acorda nos lábios da solidão

a minha cidade vive

como serpentes dentro de um aquário

a minha cidade é um corredor sem saída...

a minha cidade vive

e escreve nas paredes do medo

o silêncio prometido

 

a minha cidade és tu

nua despida em pedaços de leito das avenidas perdidas

a minha cidade dança

tem mãos de seda

e seios de indefinidos sons com abraços de musicalidade em palavras vãs

vãos de escada em sofrimento desejando o trono da fortuna

nua

tua mão singular no meu peito plural

 

o pronome avança contra o néon de sémen

e os telhados da minha cidade

ardem

como loiros cabelos suspensos nos arames do suicídio...

a minha cidade é uma puta com edifícios escumalha em lãs madrugadas

ovelhas

cabras...

e... e pequenos nadas.

 

 

(não revisto)

@Francisco Luís Fontinha – Alijó

Domingo, 15 de Dezembro de 2013

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:53

14
Dez 13

foto de: A&M ART and Photos

 

não percebes que o sonho é uma porta em aço

e enquanto dormes

eu

eu construo canhões de papel para arrombar essa maldita ranhura de carne com ossos em madeira

inacessíveis

e indolores... os olhos absorvem-te os perfumes das madrugadas inventadas pelo calendário do sofrimento

choras

habitas em lágrimas oceânicas

choras... e choras...

não percebes que agora... que agora o sofrimento é de verdade

é o teu sofrimento

e são as tuas lágrimas

não percebes que nas minhas mãos habitam lençóis de água

com barcos enferrujados

com homens apaixonados

e mulheres apaixonadas

e apitos doirados

nos prazeres desgovernados

não

não sentes a dor da travesti doença

não dizes nada

silencias-te como uma porta em aço

a mesma

a outra... o sonho

não percebes as minhas palavras

não percebes os meus medos

aqueles que te atormentam enquanto dormes

sonhas

enclausurado pela porta em aço

e mentes... mentes quando respondes que está tudo bem... e nada está bem... nada.

 

 

(não revisto)

@Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 14 de Dezembro de 2013

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:36

foto de: A&M ART and Photos

 

o papel tua pele que se entranha na madrugada

a canção do menino triste esconde-se entre os arbustos loucos da despedida

o salário emagrece os seios das meninas de leite

e o menino não tem medo do silêncio amanhecer

o papel estremece e arde

e a fogueira dos teus sorrisos parece a chuva violenta das tardes em tempestade

vadias e tristes

tristes.. e emagrecidas mulheres de areia na tua pele anelar que a solidão tece como velhas teias de aranha

tua doce lâmina de papel que um calendário come e vomita nas gotículas negras do suor em suaves prestações de desejo

abraço-te

não

é proibido abraços e beijos e...

pontapés em sílabas mortas

doentes

ou... envenenadas

o cheiro a mofo sai da minha algibeira

o dinheiro em pequenos esqueletos de vidro... simplesmente se derretem como cubos de chocolate...

há farturas

churros e guardanapos nus com braços em prata

a roulote engana-se no pavimento

e desaparece no corredor da morte

há flores à tua espera

há uma lápide de prazer deitada num divã menstruado...

e... e o papel tua pele que se entranha na madrugada

não é mais do que pequenas partículas de sémen desproporcionais que uma equação diferencial alimenta

vive

vive só como vivem os pinheiros esquecidos na montanha do destino...

come-me enquanto durmo

e sonho com janelas pinceladas de verniz

com telhados de cinza

e ardósias...

e o meu nome

o meu nome desenhado a giz

a senhora professora diz que é banal a paixão dos lábios siderais das mangueiras ensanguentadas

há masturbação em grupo na sala da saudade

e... e os beijos proibidos... proibidos são... como o papel de parede gritando LIBERDADE.

 

 

(não revisto)

@Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 14 de Dezembro de 2013

publicado por Francisco Luís Fontinha às 20:34

13
Dez 13

foto de: A&M ART and Photos

 

o espaço exíguo do meu sonho perde-se na neblina de prata

sei que uma língua de fogo jaz nas profundezas da tristeza

que de um bairro em chapa

acordou a madrugada cinzenta em pétalas de ciume sem beleza

chata

a miúda da perfumaria a tentar impingir-me livros pornográficos

cinzeiros

lanternas mágicas com anéis de poesia...

a miúda diz amar-me sem saber o que é o amor

como eu desconhecia as lágrimas dos bravios pinheiros

das tardes fotográficas

que o recreio da escola inventava entre serpentinas e muros de fantasia

 

alegria

sorria...

dizem-me que estou a ser filmado

 

porcaria

com a autorização de quem pergunto eu ao primeiro vagabundo das amendoeiras em flor

alegria

sorria...

lanço-me do telhado e debruço-me sobre as veias mágoas dos cristais envenenados

uma flor em papel é como um jardim desenhado pela mão de um pintor

aberrantes lábios que seguram as florestas da montanha na ponta do lápis de cor

sinto-me exíguo dentro do espaço nas neblinas de prata

és tu tão chata

sou eu... eu um rochedo recheado de pontos pigmentados nas manhãs dos quadriculados

uma rosa à janela do desassossego milagre que a liberdade adensa depois das tempestades...

e o espaço exíguo... sou eu... o homem desiludido com os barcos de veludo em negras tardes

 

 

(não revisto)

@Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sexta-feira, 13 de Dezembro de 2013

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:42

12
Dez 13

foto de: A&M ART and Photos

 

sinto-me perdido no labirinto da insónia

da janela em linguagem gestual

oiço os vampiros beijos das avenidas entristecidas

os candeeiros escondem-se numa cama de enfermaria

a palavra ténue que o néon absorve

está viva

e habita dentro das tuas veias envenenadas pela solidão dos dias

invento horas

desenho relógios na algália do sofrimento

sinto-me perdidamente perdido no labirinto da insónia

troco a saudade por meia dúzia de cobertores de lã

e sei que na rua vivem flores com sorrisos coloridos

 

uma sombra vestida de cetim...

acena-me

chama-me...

e come-me como se eu fosse um animal enferrujado do sobejado aço dos barcos fantasmas

 

o cais espera-me

e o marujo enlouquecido amarra-me aos esconderijos de pedra

sinto-me perdido

perdido procurando uma paragem

ou

a cinzenta madrugada para aportar

sento-me e beijo-me

e tu preferes os meus desastrados medos nocturnos

aos parafusos que brincam nas mesas infestadas de cigarros do bar neblina

o labirinto adensa-se como as estrelas de papel

o meu corpo flutua sobre uma lâmina de gelo

e sinto-me perdido neste labirinto negro e escuro das palavras constipadas

 

 

(não revisto)

@Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quinta-feira, 12 de Dezembro de 2013

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:42

11
Dez 13

foto de: A&M ART and Photos

 

não me toques porque o Sábado não existe

não quero entrar dentro de ti... porque o vento me leva para os telhados de zinco

os pregos mergulham na saudade do menino traquina

saltita entre sandálias e latas vazias...

brinca

chapinha nas águas tranquilas os sonhos nocturnos do musseque das trevas

não toques na minha mão

não querias ser a caneta que dorme

e se desfaz nas minhas tristes lágrimas

não digas sim aos meus abraços

porque... o Sábado não existe

e a neblina... parece cansada nos ramos bravios das madrugadas em flor

 

 

(não revisto)

@Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quarta-feira, 11 de Dezembro de 2013

publicado por Francisco Luís Fontinha às 23:04

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