Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

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Jan 14

foto de: A&M ART and Photos

 

Não quero ser a lágrima inventada pelo teu putrefacto corpo

a palavra escrita na tua lápide de silêncio como uma gaivota em sofrimento

não quero ser o teu desejo inacabado

a porta encerrada do jazigo da tua minha loucura...

não quero as tuas cinzas embrulhadas em prata

numa urna calafetada

um cortinado chorando

não quero ser a estrada onde permaneces invisível

erva comestível... folha de jornal húmida das tempestades da paixão

não

não quero ser a chave do teu coração

a tua mão,

 

Não quero ser o teu corpo de porcelana

envenenado

com sabor a poema

não

não... não quero que tu me digas – Amo-te... quando eu não quero ser amado

não

não quero os teus cabelos

fecho os olhos quando imagino os teus lábios

e sinto no teu olhar a ravina até ao poço da desgraça

és a cidade empenhada

a pulseira sem nome no braço do condenado...

não,

 

Não quero ser o teu amado

prefiro um cadeado

um cão

um livro

mas não

não quero ser o que tu queres que eu seja

um doente mental

um quarto desabitado...

um punhal espetado

não

não o quero...

não,

 

Não o quero no meu peito

os beijos

as carícias

vestidas de milícias...

não... não... não... não te quero porque és uma migalha de pão sobre a pedra mesa da solidão

não te quero porque pertences às brancas montanhas dos alicates em aço.

 

 

(não revisto)

@Francisco Luís Fontinha – Alijó

Domingo, 12 de Janeiro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:47

foto de: A&M ART and Photos

 

Não me perguntem porque desejo tanto o mar

porque sou uma lâmina em papel voando sobre a alvorada embriagada

não quero pertencer aos corações de areia

às janelas sem vidros ou... ou com eles estilhaçados...

não... não me perguntem o que são noites em solidão

masmorras com sabor a limão

mesas candeeiros e portas de entrada em constipação...

não me perguntem pelas palavras mortas

suicidadas

esquecidas

velhas...

… ou cansadas,

 

Não me perguntem pelo verdadeiro amor

embrulhado em lençóis de paixão

não quero saber do luar

da luz

das calçadas com pedras de chorar

não... não me perguntem pelos sábados à noite entre uísque e lágrimas de poesia

corpos despidos pedindo clemência às cordas de nylon em fantasia...

… ou cansadas

não

não me perguntem pelas tristes madrugadas

cintilantes seios no meu peito em granito censurado...

não me perguntem porque desejo tanto o mar.

 

 

(não revisto)

@Francisco Luís Fontinha – Alijó

Domingo, 12 de Janeiro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 20:31

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