Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

20
Jan 14

Foto: Ellestudio.net / Fabien Queloz photographi

 

Nesta vida de nada

que não me pertence porque amanhã sou apenas um grão de areia

vagueando pelas calçadas da cidade

nesta vida sem nada

caminho caminhando... procurando as palpitações das pálpebras embriagadas

e sinto-me pertencer aos mausoléus da saudade

e às janelas quebradas...

nesta vida há o nada e o alguém

que ama

que busca

que cresce... e morre também

nesta vida eu sou o quê? uma pedra um sapato pontiagudo ou uma enxada?

 

Nada não sou nada

nesta vida de ninguém

nesta triste vida de nada,

 

Eu sinto-me uma alma penada

um pedaço de papel ardendo nos teus seios

nesta vida de corpos circunflexos... e anexos... e nesta vida de equações lineares

em nada

sou o nada

e sinto-me uma pedra pesada

tão pesada como a penugem de uma gaivota

nesta vida malvada sou um crucifixo disfarçado de madrugada

uma lápide

ou uma dolorosa argila sofrendo nas mãos do pedreiro

que antes de uma vida de anda

foi mestre em culinária e barbeiro... e carpinteiro... poeta sofredor... e nada... nada de doutor.

 

 

 

@Francisco Luís Fontinha – Alijó

Segunda-feira, 20 de Janeiro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 23:22

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