foto de: A&M ART and Photos
Um relógio de pulso abraçado à mágoa dor,
a derradeira espera quando tudo à sua volta parecia voar como lençóis de água-doce,
queixava-se dos cortinados,
da cor aberrantes das paredes do corredor...
queixava-se da ponte em aço quando balançava com os beijos deles,
entre bocas remexidas,
convexas medalhas de prazer nos lábios da solidão,
um...
um relógio em paixão,
voando e dançando e sonhando,
um... um relógio de pulso... pulando os xistos muros do prazer,
hoje... percebi o que são palavras amorfas, doentes, palavras... palavras só minhas,
(palavras apenas escritas no meu corpo... e lidas,
e lidas pela tempestade do medo...)
Um relógio de pulso à janela do cansaço,
ouvíamos o vento entranhar-se nos orifícios das folhas em granito,
às lápides...
… às lápides as eternas fotografias tuas...
e dançávamos debaixo dos coqueiros,
davas-me a mão,
levavas-me até ao mar...
ai... ai o mar,
o relógio que escondeste na mesinha-de-cabeceira,
os óculos mergulhados em finos vidros de infestadas pétalas de ouro amedrontado...
e dos teus livros... tenho o cheiro do silêncio embrulhado em sílabas pinceladas com pedaços de amor,
e... e um relógio de pulso abraçado à mágoa dor.
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Terça-feira, 28 de Janeiro de 2014