foto de: A&M ART and Photos
Há uma fogueira sem nome que alimenta as lágrimas tuas,
há uma lareira em fome procurando os teus lábios mergulhados no nocturno sofrimento do desejo,
há em ti uma luz ténue que consome, que vive, que... que escreve no teu corpo os versos da solidão,
há uma fogueira que morre,
uma labareda dançando na calçada da vida, que vive, não vive... e sofre, e morre... morre como morrem as pétalas dos jardins de papel,
há uma fogueira sem nome dentro do teu peito anónimo, perdido, uma fogueira... com mãos de mendigo,
Há uma fogueira nos barcos que passeiam no teu rio, o rio que tens dentro das tuas vadias veias,
há um menino que chora,
há uma mulher que não dorme, e acredita nos telhados de vidro,
há lá fora um cão chato, que não se cala, que... e sofre, e morre... morre como morrem as pétalas dos jardins de ternura,
há um vestido suspenso no guarda-fato, “procura-se empregada doméstica”, menina séria, menina honesta,
há... há uma vida construída de pequenos aviões, sem motor, sem palavras... sem sonhos, nada, nada há nos teus sobejantes cansaços em delírios febris.
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 8 de Fevereiro de 2014