Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

22
Fev 14

foto de: A&M ART and Photos

 

Estranhamente deixei-o partir

libertei-o como se libertam os pássaros depois de cansados

estranhamente deixou de existir

como todos os abraços que a tempestade do silêncio deixa fluir

estranhamente apaixonados

como as ervas daninhas das ruelas inclinadas do desejo

estranhamente vi-o sorrir

como se apenas houvesse uma clareira no cimo da montanha dos tristes luares

estranhamente construí o beijo

e o medo dos lugares

e o medo à noite com palavras de cetim

quando escrevíamos poemas sentados num simples banco de jardim,

 

Estranhamente só

porque as flores deixaram de crescer

porque a madrugada sem dó...

… estranhamente cansou-se de escrever,

 

Estranhamente magoado

desenhei cossenos nos cortinados sem coração

vi o mar em círculo fechado

estranhamente amado

como os barcos loucos das sílabas de uma canção

estranhamente triste e apaixonado e inventando poemas de açúcar

no meu corpo pesado

no meu corpo de amarrar

estranhamente as árvores morrem na insónia de um cinzeiro de latão

entranhando-me nos cigarros velhos de fumar

estranhamente dentro da solidão

imagino-me voar em nuvens de carvão...

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 22 de Fevereiro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:30

A noite flui como um carrinho de linhas, o amor submerge das rochas desenfreadas dos xistos corações, o submundo da paixão emerge dos carris aos aço laminado, os lábios incinerados em beijos de açúcar avançam em direcção ao rio, revoltam-se, cansam-se de amar... e a montanha da paixão cresce na mão amanhecer poeirento dos versos em fome, eu perco-me nas tuas palavras, invento rostos, invento saudades... que a manhã destrói como se fossem pequenos losangos imaginários, recordo Carvalhais, S. Pedro do Sul abraça-me..

Tenho medo de amar,

A noite flui como uma triângulo isósceles apaixonado pelas estrelas encarnadas, imagino-me sentado na eira... e oiço, e não me canso de ouvir...

A melódica voz e poética dos Fingertips... e há qualquer coisa estranha em mim que me diz que pertenço a essa terra e que sou filho dessa eira,

De entre as ripas do espigueiro a canção do sino da igreja... e o amor... o amor não sabe que existo junto ao campo de milho ainda franzino, ainda menino... ainda... ainda apaixonado pelo nada.



Francisco Luís Fontinha - Alijó

publicado por Francisco Luís Fontinha às 02:22

Fevereiro 2014
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1

2
3
4
5
6
7
8

9




Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

subscrever feeds
Posts mais comentados
mais sobre mim
pesquisar
 
blogs SAPO