foto de: A&M ART and Photos
Às flores vencidas
aos pilares de areia das tardes perdidas
às árvores emagrecidas
e aos rios condenados
tristes
tristes e apaixonados
aos sorrisos de algodão
e às lágrimas de porcelana
às flores envelhecidas que ressuscitadas insistes
e ignoras
e choras...
a madrugada das persianas embaladas,
(às flores vencidas
e aos cansaços amores do invisível desejo)
Às flores vencidas
que se escondem em jardins com janelas encardidas
aos pássaros de marfim com ossos desventrados em marés esquecidas
e aos silêncios com palavras escritas em paredes de xisto
e tu não percebes os sonhos com coloridos quadrados e círculos nocturnos
e desisto
de procurar os lábios da Garça sem graça... nas ruas de Lisboa
descendo a calçada endiabrada comendo rebuçados de voláteis cigarros de chumbo...
às flores enroladas em trigonométricos fumos
que morrem na cidade das esplanadas de vento
com sofrimento
a vós, a todos vós que têm corações de pano e beijos de chita...
(às flores vencidas
e aos cansaços amores do invisível desejo)
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Terça-feira, 25 de Fevereiro de 2014