Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

30
Abr 14

havia em ti pérolas de naftalina

eu pensava que o mar era só meu

e o egoísmo alimentava-me e fazia com que as minhas asas de amanhecer...

ardessem

como o cigarro que fumo e suspenso na janela com vista para os patamares do Douro

o rio entranhava-se em pedacinhos de dor

sofrimento

e algumas lágrimas invisíveis... poucas... voavam como gaivotas sem nome

descubro o amor numa solitária videira

a paixão numa triste pedra em granito... perdida na rua

à espera do silêncio na esquina sem transeuntes

e oiço as palmeiras com sombras de doirado anoitecer.

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quarta-feira, 30 de Abril de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:02

29
Abr 14

apareces

desapareces

submerges como se fosses um beijo cansado

esquecido nos lábios de uma flor...

a manhã em construção

uma mão na face clandestina do olhar

não és Lua

noite

nem amar...

Apareces

desapareces

nos sonhos silêncio do mar.

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Terça-feira, 29 de Abril de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:46

28
Abr 14

trazes no peito o peso da madrugada

as sílabas cansadas do amanhecer

trazes na mão a velha enxada...

e ao pescoço

o silêncio da alvorada

trazes no peito a mágoa do alicerce invisível

e os fios de luz

em pergaminhos agrestes com odor a limão

trazes a solidão

e as cartas esquecidas na gaveta da lareira...

e hoje

hoje nada acorda de ti que se entranhe em mim...

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Segunda-feira, 28 de Abril de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:46

27
Abr 14

há um xisto vestido de tristeza

uma nuvem sangrenta poisada em ti

árvore sonolenta

magoada

jardim descalço

jardim... jardim filho da madrugada

 

há um rio perdido na calçada

esperando a tua mão

há um rio dentro de ti

correndo

correndo... correndo nas tuas veias de solidão

e gritando e gritando...

 

há um xisto no muro onde me sento

e te espero

dou-me conta que hoje não há o rio dentro de ti

que tens lágrimas

que... que danças no jardim

magoada no jardim descalço...

 

adormeço

sonho com fios de nylon aprisionando o Céu

que tens estrelas no olhar

e flores

flores na tua doce boca de jasmim

há um xisto... de tristeza... há um xisto dentro de mim.

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Domingo, 27 de Abril de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:48

no seu término o dia mistura-se com as sombras do prazer

o teu corpo mergulha sobre o meu peito flácido

quase a adormecer

lá fora há poemas por escrever

palavras vagabundas correndo junto ao Tejo

folheio as pequenas páginas dos teus seios

descubro o significado de “Amor”...

e sinto a paixão a entranhar-se nos meus ombros

 

há silêncios a descer a tua pele de doirado sémen

que acabam por morrer

semeiam-se nos límpidos lençóis de seda

como jangadas esquecidas em Cais do Sodré...

afinal... o sonho são as pequenas páginas dos teus seios

à janela do “Adeus”

simplesmente inventando soníferos de cartão

e livros a arder

 

há em ti um púbis construído de andorinhas

e flores de papel

e no seu término...

o dia... o dia cansado de viver

como se o teu corpo embrulhado nos meus braços de aço laminado

adormecesse vivesse amasse e morresse

e descubro o significado de “Amor”...

e de ser “amado”.

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Domingo, 27 de Abril de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:11

há silêncio nos teus lábios

pequenos beijos envenenados pela paixão

palavras dispersas

palavras sem canção

há matemática no teu olhar

equações trigonométricas nos teus braços

há silêncios...

e pedacinhos panos com sabor a saudade

disfarçados de madrugada

há barcos fantasma na tua mão Oceano

e sombras e sombras... e sombras que a noite vomita

e alimentam o teu sonho

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Domingo, 27 de Abril de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 12:50

26
Abr 14

do centro da galáxia chega a mim a voz rouca da solidão

traço rectas no corpo da Lua

desenho corações na ofuscada luz da paixão

do centro da galáxia...

um fio de saudade que se alicerça aos meus braços

e me pede

e me obriga

… a escrever palavras não lidas

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 26 de Abril de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:03

mais um Sábado...

procuro a equação tangente à parábola da insónia

hesito

fico confuso

da rua oiço as luzes em néon adormecido

cansadas

e hesito

fico confuso

mais um Sábado...

sem horário

janelas com vista para o mar

hesito...

 

um dia

dois dias

… três velhos dias

 

hesito...

e fico confuso

procuro o cosseno hiperbólico do cansaço

calculo a integral tripla do amor

raios...

não o consigo

rasgo

destruo a folha quadriculada

tão velha

tão... infeliz como as luzes em néon adormecido...

um dia

ontem... ontem tu eras capaz

 

um dia

dois dias

… três velhos dias.

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 26 de Abril de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 18:55

as rosas tuas mãos em decomposição

sinto-lhes o perfume de palavras em construção

o poema evapora-se no corpo nu da madrugada

dizem-me que deixaste de olhar o amanhecer

que... hoje és apenas uma árvore

sem folhas

sem... as rosas tuas mãos em decomposição

esperando que venha o rio e com ele o silêncio das lágrimas embainhadas no Luar.

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 26 de Abril de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 14:51

25
Abr 14

imagino-te submersa em palavras de solidão

imagino-te vestida de poesia

de cravo na mão

imagino-te livre

nua

imaginar...

a madrugada sem nome

voando sob a cidade dos xistos embriagados

e há um rio em silêncio

um rio... um rio apaixonado

imagino-te deitada na areia pálida do Mussulo

escrevendo as palavras de solidão

 

no meu corpo

em mim

em construção

 

imagino-te com asas em papel amarrotado

escrito

rasgado no centro geométrico

rodando

brincando junto aos coqueiros imaginados

imagino-te de lábios desenhados

no muro da insónia

e sonhas

sonhando...

que te imagino submersa em palavras de solidão

e há uma varanda com cortinados de paixão

e há uma canção que acorda em ti... que te imagino submersa... solidão

 

no meu corpo

em mim

em construção.

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sexta-feira, 25 de Abril de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:31

Abril 2014
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5

6
7
8
9





Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

subscrever feeds
Posts mais comentados
mais sobre mim
pesquisar
 
blogs SAPO