Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

01
Mai 14

foto de: A&M ART and Photos

 

não o sei

às vezes desce sobre mim a voz do silêncio

o rio com mãos de porcelana

acorda

deita-se na nossa cama

chora...

olha-se ao espelho e grita

não o sei

e às vezes

pergunto-me porque há barcos em papel com coloridas manhãs de Primavera

e às vezes

não o sei

 

os sonhos sonhados quando a noite deixa de nos pertencer

as palavras escritas amadas e desamadas

e o palheiro da madrugada invadido pelos odores do jardim anónimo

não o sei

acorda

e às vezes

tantas vezes... meu Deus

percebo que há andorinhas com fome

e fome vestida de gaivotas

chora...

não o sei

porque vives escondida no meu peito.

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quinta-feira, 1 de Maio de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:39

não queiras ser como eu

não o desejes sabendo que o desejar não existe

é um fantasma vestido de saudade

é uma estrela embrulhada em madrugadas de azoto

como os nossos braços

abraçados à árvore do desgosto

 

não tenhas medo do vazio

dos buracos negros que existem no teu corpo

não o queiras

desiste

viaja para o cimo da montanha

e acredita no Luar

 

não chores

não adormeças...

não queiras ser como eu

um baobá esquecido no cacimbo

um cigarro imaginário em pedaços de suor sobre a tua pele de cortinado amanhecer

não não queiras ser como eu... um desejo com sabor a envelhecer.

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quinta-feira, 1 de Maio de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 12:47

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