Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

31
Mai 14

Este poeta que vive no meu corpo,

este poeta que escreve nos meus seios, acaricia-me nos sonhos com tentáculos de insónia,

sussurra-me ao ouvido melodias intemporais, desenha em mim os silêncios da noite,

embriaga-se no meu corpo, e escreve, e sonha, e deseja-me...

 

Nunca fui desejada!

 

Olhava-me no espelho e via uma sombra gélida, com olhar de geada adormecida,

tinha nos meus braços o teu sorriso,

a tua boca,

 

Nunca fui penetrada!

 

Este poeta que vive no meu corpo,

habita num cubículo de areia,

chora,

e grita,

sorri, às vezes, não sorri... quando tem na mão a caneta da poesia,

veste-se de gaivota e poisa nos mastros mais secretos do rio da revolta,

chora,

e grita,

grita em mim as garras da paixão,

sou eu, sou eu... meu amor!

Seu eu que te ama,

sou eu... o poeta sem gravata, o poeta apaixonado, o poeta dos rochedos anónimos.

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 31 de Maio de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:52

O abstracto,

quando o sorriso se transforma em chuva,

o abstracto silêncio das tuas palavras,

desfasadas,

misturadas nas pálpebras de um fio de luz,

 

O abstracto meu corpo, laminado pelas garras do amor,

o sítio negro do teu peito,

o cofre das tuas flores de papel,

o abstracto mar que corre no teu abdómen,

como neblina sobre o rio da saudade,

 

O abstracto...

o dia morre,

o relógio nocturno das tuas coxas..., abstractas, mergulham em mim como a âncora de madeira cansada,

e tudo parece adormecer em nós...

a cidade, a rua onde existe um quiosque de algodão e arde,

 

O abstracto facalhão que traveste a solidão em paixão,

a ressaca do esqueleto em módicas trinta e seis prestações,

o abstracto corpo sem alicerces,

dançando na copa da árvore das tuas tristes lágrimas...

e um barco entra em ti,

 

Vives no abstracto espelho,

suspenso nas gaivotas cinzentas das searas envenenadas,

uma fotografia diz-me que tu deixaste de ser menina,

hoje és uma pedra, abstracta e sem nome,

que desce a montanha do meu olhar...

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 31 de Maio de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 18:43

Maio 2014
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3

4
5
6
7
8
9





Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

subscrever feeds
Posts mais comentados
mais sobre mim
pesquisar
 
blogs SAPO