Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

24
Mai 14

morte

viagem sem regresso

destino

bilhete

desamarrar as cordas da saudade

voar

e partir...

a morte das palavras

escritas numa lápide de lágrimas

morte

quando o corpo cessa de escrever

e nos olhos de quem parte... nascem poemas com nome de “morrer”.

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 24 de Maio de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 14:15

23
Mai 14

foto de: A&M ART and Photos

 

há um dia apelidado de “FIM”

um dia sem esqueleto

um dia esquecido nas esplanadas da cidade sem nome

há um dia com silêncios disfarçados de melodia

um dia poético

um dia procurando palavras

no teu resgatado olhar

há um dia apelidado...

com medo e cansado

há um dia laminado

que nas tuas mãos inventa baloiços

e meninos sorridentes,

 

há um dia

um dia “filho da puta”

um dia que te levará sem destino

um dia... um dia apelidado de “FIM”,

 

há um dia eternamente recordado

um dia feio

um dia desamado

há um dia que o teu corpo vai vacilar

desistir

um dia com janelas e pálpebras de mar

há um dia que será a noite

há as lágrimas do sofrimento

que nesse dia

o dia cessa de caminhar

pára

STOP...

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sexta-feira, 23 de Maio de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:52

22
Mai 14

foto de: A&M ART and Photos

 

sou uma triste borboleta

cansada de voar

um rio que deixou de correr para o mar

o barco

uma pedra a chorar

sou uma triste borboleta

com olhos de insónia

com asas de papel

com mãos de amónia

uma triste borboleta

eu sou

como as madrugadas de mel...

 

sou uma triste borboleta

em busca do Inverno

e desce a noite aos teus cabelos

e acorda o maldito Inferno

e deixo de viver

e deixo de habitar

os teus olhos sem palavras de escrever

sem as palavras de sofrer...

uma triste borboleta

cansada de voar

cansada de amar...

nas manhãs da manhã ensonada.

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quinta-feira, 22 de Maio de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:41

21
Mai 14

foto de: A&M ART and Photos

 

Os teus olhos no espelho que poisa no meu rosto,

do cansaço adormecido das palavras anónimas,

tu, meu amor, sussurras-me baixinho que serei eternamente tua,

acredito,

acredito que há no teu jardim rosas envergonhadas,

acredito,

acredito que os olhos que habitam no meu espelho,

um dia serão as minhas estrelas vadias,

 

Os teus olhos que dormem nos meus lençóis,

sós,

a aldeia escapa-se entre os dedos da tristeza...

e acredito...

 

Ofereço-te o meu corpo embrulhado em poemas de miséria,

eternamente tua, eternamente... ausente de ti,

regresso ao espelho e descubro os teus braços na sombra dos meus seios,

afago os teus cabelos enquanto a noite se veste de menina desajeitada,

de menina... de menina de uma outra cidade,

ofereço-te o meu corpo como se eu fosse a tua flor preferida,

a árvore sob a qual te deitavas quando se inventavam em ti os sargaços da manhã,

e partiam os barcos para o luar como pássaros em busca dos filhos em voos infinitos,

 

Os teus olhos que dormem e sonham nos meus lençóis,

tão distante, tu, homem sem local para aportares...

ofereci-te os meus abraços,

e tu,

e tu fingiste não ouvir,

disseste-me que o cais serve apenas para a partida,

e partiste,

sem regressar nunca,

 

Como as palavras,

depois de extinta a fogueira da paixão,

ouvia o silêncio dos teus livros...

e nada mais tenho a acrescentar a ti e de ti,

 

Os teus olhos que nunca me pertenceram,

os teus olhos que brincavam nas minhas coxas antes de eu levitar em direcção aos sonhos,

cerravas-os e partias como uma tempestade de areia...

a ti e de ti,

as conversas inacabadas,

as palavras não escritas, e não ditas,

os teus olhos, os teus malditos olhos que iluminavam um cubículo de papel...

e tinham tentáculos que conseguiam beijar o mar.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quarta-feira, 21 de Maio de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:07

publicado por Francisco Luís Fontinha às 17:49

publicado por Francisco Luís Fontinha às 17:34

20
Mai 14

foto de: A&M ART and Photos

 

Quem és, pergaminho abandonado no meu corpo?

Enrolas-te em mim disfarçado de cobra, alicerças-te aos meus frágeis braços,

e,

navegas no meu ventre como uma caravela sem destino...

entranhas-te em mim e dizes-me que o teu nome é Primavera...

Primavera... finjo nem perceber,

cerro os olhos e sinto as tuas mãos de desejo laminado nos meus seios,

pergunto-te porquê... pergunto-te porquê eu, pergaminho de olhos verdes?

 

E a cada momento meu o teu corpo descongela,

ficamos apenas uma finíssima pedra de amor...

descendo a montanha da paixão,

 

Quem és?

Eterno nocturno com sabor a escuridão,

marinheiro perfumado que te enfaixas nas minhas coxas de areia,

e sinto... e sinto os meus gemidos no espelho dos teus olhos,

 

Ai... meu querido amor!

A paciência minha depois dos teus gritos de prazer,

depois de adormecerem as gaivotas no Tejo,

e tu,

tu sais de mim,

e tu...

e tu desapareces na neblina que engole a escadaria do prédio onde habitamos,

foges,

 

sem destino,

e eu, e eu como uma folha amarrotada nos dedos de um cinzeiro de prata,

 

Quem és, pergaminho abandonado no meu corpo?

Que oiço os teus cabelos no peitoril enquanto saboreias o teu último cigarro,

que oiço o bater do teu coração enquanto poisas a tua cabeça no meu peito...

e pareces-me uma rua sem janelas numa cidade sem telhado,

uma casa sem varanda,

uma casa... uma casa enfeitada com sombras e pássaros,

uma casa como tu,

uma casa onde me abraças e me dou conta que apenas te pertenço...

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Terça-feira, 20 de Maio de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:57

19
Mai 14

Tínhamos dentro de nós

uma finíssima película de espuma

éramos dois espantalhos semeados no centro do trigo

sentados

olhávamos o espigueiro da preguiça

cansado

ao sol

deitado entre as ripas da solidão,

 

Tínhamos um punhado de desejo

e sentíamos as faces do vento nas nossas mãos de esmeralda

os diamantes iluminavam os teus olhos de sereia madrugada,

 

Tão louca

a noite

quando adormece no teu ventre,

 

Colocava os meus dedos nos teus cabelos

voavam como um colorido papagaio em papel doirado

ouvíamos as lágrimas do rio

que depois do luar... acorrentava barcos e marinheiros famintos

e tínhamos

e sentíamos...

o quê?

beijos transversais nas vidraças do poema,

 

Tínhamos...

… e era tão louca

a manhã antes de acordar.

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Segunda-feira, 19 de Maio de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:55

18
Mai 14

Das palavras que me obrigas a escrever

oiço-as em teu dedos pincelados nos pérfidos desejos

reescrevo-as

e desenho-as no teu corpo mergulhado na amarrotada pele de seda

das palavras que me obrigas...

escrevo-as

dito-as

e finjo estar acordado,

 

Sei que as tuas tristes sílabas vagueiam no meu peito

como sementes esquecidas no vento

sei que nos teus lábios habitam agulhas de algodão

que servem para afugentarem as minhas palavras,

 

Das palavras que me obrigas a escrever

elas se acorrentam aos meus braços

fazes de mim um prisioneiro vadio

ou uma árvore sem coração

correndo sob a neblina do teu olhar

delas

apenas o perfume do néon que a cidade engole,

 

Mulher prisão

mulher inseminada das minhas tristes palavras

mulher de negro

mulher... mulher paixão,

 

Das palavras minhas que que obrigas a escrever

faço-o apenas porque os meus dedos deambulam no nocturno Oceano

escrevo-as

apago-as

afogo-as como mágoas

as palavras

as palavras que me obrigas a escrever

eu as escrevo para te silenciar...

 

Há mendigos palavras

homens enlatados descendo a avenida

há as minhas malditas palavras...

delas e elas... as palavras sem comida,

 

Uma duas três tristes palavras

uma duas três quatro... quatro vogais descendo as tuas coxas de iodo

uma janela peneirenta

e uma porta de entra roxa

e há uma varanda onde tu lês as minhas tristes palavras

aquelas que me obrigas a escrever

a vomitar sobre as páginas de um rosto em sofrimento

das palavras que me obrigas a escrever,

 

Há palavras obrigadas a viver

dentro de mim

e por ti...

por ti menina das palavras...

 

Há palavras que eu não quero escrever

há escrever sem palavras que recuso ler

há a menina das palavras

com correntes em aço

palavras prisioneiras

palavras amaldiçoadas

palavras que o púbis da caligrafia

semeia no corpo da menina das palavras.

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Domingo, 18 de Maio de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:57

Redefino-te entre os círculos do desejo

percebo das pálpebras do Oceano que o teu corpo flui na equação da recta

há nos teus seios de oiro uma velha parábola

que voa

e dorme

nas tuas mãos embrulhadas na curva de Agnesi,

 

És matemática que o homem acaricia

docemente

e resolve as equações de ti,

 

Redefino-te e sinto na tua boca o regresso do amor

sento-me em frente ao mar

e espero que cresça a noite

desenho na areia do prazer os lençóis onde adormeces

e absorvo-te na peugada estrelar das camélias em flor

e sei que habitam em ti todos os esconderijos da montanha...

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Domingo, 18 de Maio de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 18:43

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