Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

03
Mai 14

foto de: A&M ART and Photos

 

embainhas-te no meu corpo como uma bala perdida

há na tua mão a espingarda do desejo

oiço entre as sombras e os sons metálicos

pigmentos do teu olhar envidraçado na cidade do feitiço

às tuas pálpebras de pergaminho

vêm a mim as insignificantes flores da paixão

das tuas palavras

as lágrimas da solidão

sem medo

rompem a montanha das árvores de papel

há luz na cabana

e uma cama que nos espera...

 

(estarás vivo, meu poema de ninguém!)

 

há dentro de ti uma janela

um telheiro com odores de Carvalhais

um velho espigueiro aproxima-se do teu coração

e entre as frestas das ripas em madeira cansada...

os teus beijos

como nuvens de espuma

saltando

e brincando na eira

cruzo os braços

e espero o regresso do paquete teu corpo

há âncoras de sémen nas palavras da madrugada

e uma flor deita-se nos teus seios de silêncio.

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 3 de Maio de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:51

02
Mai 14

esta prisão que me mata

quando há no teu olhar lacrimejados beijos

grandes em papel

janelas infinitas com sombras de rímel

esta vida de chapa

esta vida que dói e corre calçada abaixo

e sob o teu corpo

a minha mão disfarçada de amanhecer

 

esta prisão...

este medo de amar e morrer

morrer e amado pelos poemas de escrever

grades

corpo

relógios melancólicos quando tu me abraças

e me dizes...

“Adeus”... meu amor madrugada.

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sexta-feira, 2 de Maio de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:17

01
Mai 14

foto de: A&M ART and Photos

 

não o sei

às vezes desce sobre mim a voz do silêncio

o rio com mãos de porcelana

acorda

deita-se na nossa cama

chora...

olha-se ao espelho e grita

não o sei

e às vezes

pergunto-me porque há barcos em papel com coloridas manhãs de Primavera

e às vezes

não o sei

 

os sonhos sonhados quando a noite deixa de nos pertencer

as palavras escritas amadas e desamadas

e o palheiro da madrugada invadido pelos odores do jardim anónimo

não o sei

acorda

e às vezes

tantas vezes... meu Deus

percebo que há andorinhas com fome

e fome vestida de gaivotas

chora...

não o sei

porque vives escondida no meu peito.

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quinta-feira, 1 de Maio de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:39

não queiras ser como eu

não o desejes sabendo que o desejar não existe

é um fantasma vestido de saudade

é uma estrela embrulhada em madrugadas de azoto

como os nossos braços

abraçados à árvore do desgosto

 

não tenhas medo do vazio

dos buracos negros que existem no teu corpo

não o queiras

desiste

viaja para o cimo da montanha

e acredita no Luar

 

não chores

não adormeças...

não queiras ser como eu

um baobá esquecido no cacimbo

um cigarro imaginário em pedaços de suor sobre a tua pele de cortinado amanhecer

não não queiras ser como eu... um desejo com sabor a envelhecer.

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quinta-feira, 1 de Maio de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 12:47

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