O peso das tuas pálpebras enquanto dormes,
um ninho de poesia, ainda em fase de construção, poisa em ti,
não percebes o significado do cansaço que aprisiona o teu corpo ao jardim da sonolência,
não entendes os desenhos que a dor deixa sobre os teus seios de Margarida...
e como flor que és, e como flor... desaparecerás quando descer a noite ao teu cabelo,
sorris, sorris como uma pedra descalça, como uma pedra sem nome... descendo a calçada do Adeus,
o peso das tuas pálpebras vai diminuindo... até que o amanhecer entra nas tuas coxas, e...
… e nada mais existirá do outro lado do muro, em pequenos pedaços de xisto... morrerá como um louco desconexo, como um louco licenciado, com mestrado em Paixão,
Com Doutoramento em Sofrimento,
o louco sonha, o louco se alimenta das palavras de uma finíssima árvore de cartão,
olha-nos,
olha-nos... e apenas cruza os braços num movimento curvilíneo,
aleatório,
ele chora,
ele é o espelho de uma outra flor,
ele... ele sou eu, ele... ele é o desejo vestido de papagaio...
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quarta-feira, 4 de Junho de 2014