Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

14
Jun 14

(para Oumara Moctar Bambino)

 

 

Não me encontro neste labirinto de palavras,

precisava de uma lanterna invisível, pequeníssima e frágil,

uma lanterna que me guiasse quando viajo nos olhos de gaivota “AMAR”,

perco-me, desejo-me e desejo-te, quando te transformas em mar, e eu,

e eu, eu me transformo em neblina sem som, em carcaça encalhada...

não me encontro, não, não existe no teu sorriso uma canção,

 

(oiço o Oumara Moctar Bambino)

(Feliz porque o oiço)

 

Não me encontro e perco-me nos teus lábios, meu Amor sonâmbulo,

sou um ponto algures no espaço, em rotação,

sei que das tuas lágrimas crescem gaivotas de “AMAR”,

gaivotas lindíssimas, gaivotas com sabor a mel,

gaivotas..., gaivotas de papel,

como silêncios embebidos nas nocturnas madrugadas sem nome,

 

Insignificantes, estes braços que te abraçam,

estes olhos que te absorvem como as tempestades de paixão,

sou quase engolido pelo teu coração,

feliz... feliz porque o oiço, porque... porque a música dele é poema vadio, é poema rebelde,

porque o oiço, porque a sua música me provoca uma translação,

e voo, e voo... até aos sonhos do Tejo,

não me encontro, não tenho medo das tuas coxas quando ele entra em nós, e somos dois pássaros em suspensão, brincando nos lençóis da tua pele, e voo...

até me cansar,

e voo... voo para te encontrar,

gaivota, minha gaivota de “AMAR”

minha gaivota com sabor a Aurora Boreal...

… minha gaivota irreal,

 

(oiço o Oumara Moctar Bambino)

(Feliz porque o oiço)

 

Não me encontro, e só te observo em sonho,

imagem transparente dos espelhos embriagados,

não, não me encontro, não... não no centro das palavras,

objectos, cacos, cacos e carcaças apodrecidas...

e esqueletos doirados das tardes intermináveis,

tardes em que o teu corpo era poesia...

 

POESIA NUA DESPIDA... POESIA, POESIA EM DESPEDIDA.

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 14 de Junho de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:57

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