Tenho medo de olhar o teu rosto lusco-fusco, e frágil, de areia, de mar, maré...
cacilheiro à procura de uma gaivota com sorriso de amanhecer,
poema inventado, poema por escrever,
sentindo nas pálpebras os alicerces da madrugada de papel,
tenho medo, confesso, de olhar-te nesse espelho convexo, onde pareces uma persiana suspensa no vento sem rumo, sem... sem estória,
uma correia, uma roda dentada... em movimento,
tenho medo, medo,
que adormeças, que não regresses... sem me dizeres... Adeus,
encontrar-nos-emos qualquer dia, por aí, numa esplanada,
ou... ou no Céu,
não acredito, mas finjo acreditar, e do medo, e do medo nascem em mim silêncios,
e... e palavras de gritar.
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quinta-feira, 19 de Junho de 2014