Diga-me Senhora, qual é a cor do seu perfume!
Que odor é este, que sabor tem na sua boca,
a lume, ciume,
diga-me Senhora,
de que sanzala é oriunda,
e louca,
que loucura habita no seu olhar,
será ternura?
Será... será o verbo amar...
Ai minha Senhora,
que cansaço desenhar nos seus lábios a mandíbula adormecida,
tão linda, tão... tão querida,
Diga-me Senhora, qual é a cor do seu silêncio!
Que palavras são estas que vagueiam no seu corpo desnudo,
que seios são esses, de algodão, que se transformam em poesia,
quando da noite vem o homem mudo,
e se veste de alegria,
Diga-me Senhora, qual é a cor do seu silêncio!
Ai Senhora, como são lindos os seus beijos,
como são belas as suas coxas de madrugada,
minha Senhora, diga-me... diga-me como é viver no seu peito...
porque eu, eu não tenho jeito...
porque eu, eu sou uma jangada,
perdido nos Oceanos desejos,
Diga-me Senhora, qual é a cor do seu silêncio!
Que tempestade é esta, que força me puxa para os seus braços...
diga-me, diga-me por favor...
diga-me como são os seus anseios, e se existe em si uma janela por abrir,
diga-me Senhora, diga-me quem é o usufrutuário do seu amor,
e de que cor,
e o odor,
dos seus abraços,
… em... em flor.
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 21 de Junho de 2014