Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

24
Jun 14

Este caixote que me enforca,

estas lâminas invisíveis consumidas pelo fogo,

a entranharem-se neste corpo amorfo,

e sinto os espelhos que habitam no meu cabelo a comerem as vozes da noite,

este caixote é uma prisão com grades de granito,

e dentro de mim, solta-se o grito,

uma revolta a alicerçar-se no luar,

antes da insónia abrir a janela dos sonhos,

 

Este caixote disfarçado de beijo,

estes tentáculos enrolados no meu pescoço,

que... que não me deixam respirar,

comer...

ou fumar,

 

Este caixote construído de sombras,

esta garganta iluminada pelos sons das melódicas cigarras,

este estúpido caixote, este parvalhão sorriso a escorrer calçada abaixo...

 

E... e acaba por morrer no mar,

este caixote de amar,

que me enforca, que me seduz... e ao mesmo tempo... e ao mesmo tempo me enlouquece,

como uma criança sem pátria,

como uma árvore sem terra,

sol...

este caixote que me enforca,

e escreve no meu corpo...

 

ADEUS, ADEUS... ADEUS!

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Terça-feira, 24 de Junho de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:22

Porque me inquietas, sorriso lapidado dos montes cinzentos...!

sinto o abstracto silêncio navegar na tua pérola mão,

despeço-me da fogueira em solidão..., com aplausos, com... com infinitos beijos,

absorvo-te com a esponja do meu coração,

mas... mas... não sei que dia é hoje,

mas... mas não sei em que ano nasceste,

… e morreste,

montes cinzentos,

 

Porque me inquietas...

 

Noites ínfimas com sabor a desejo,

páginas muitas, algumas, algumas... sem palavras,

inquietas-me,

e foges como as amendoeiras em flor,

 

Porque teimas em desenhar no meu corpo borboletas,

e pássaros de papel...!

inquietas-me, tanto, tanto... tanto que tu me inquietas,

depois de descer o cortinado nocturno da dor,

depois de acordarem todos os marinheiros com odor a sabão...

inquietas-me,

e... e foges,

foges para os montes cinzentos.

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Terça-feira, 24 de Junho de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 18:22

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