Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

30
Jun 14

Regressei,

poisei o pé na gare comovida pelo meu sorriso,

olhei,

ninguém à minha espera,

... quem poderia esperar por mim!

havia pássaros ao redor,

havia flores no jardim contíguo à estação,

olhei,

e nem uma míngua lágrima clandestina a voar sobre o meu peito,

havia um cão desnorteado,

talvez recheado de fome,

pancada... e carente de amor,

 

Toquei-lhe,

olhou-me,

e acolheu-me até hoje,

 

Regressei,

trazia nos ombros as almofadas do cansaço,

tinha nas mãos o silêncio dos morcegos e envenenados pela insónia,

toquei-lhes,

olharam-me,

e acolheram-me até hoje,

hoje,

hoje tenho um cão,

e... e meia dúzia de morcegos,

o cão envelheceu, o cão... o cão parece os gonzos de uma porta peneirenta,

de uma porta sem saída,

e os morcegos... esses... também eles carentes de amor...

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Segunda-feira, 30 de Junho de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:50

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