Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

26
Jul 14

Esta vida que não me esquece,

cai a noite e me absorve, e me evapora,

desço a calçada como poeira cansada,

e aos poucos, despeço-me do rio,

despeço-me da alvorada,

sento-me, e espero o regresso do amanhecer,

folheio um livro, leio um poema amaldiçoado,

dói-me o corpo, e esta vida que não me esquece,

 

Desenho uma gaivota apaixonada pelo silêncio do mar,

há uma cabana sem lareira, uma cabana atraiçoada,

e eu sentado, converso com a gaivota, converso com a cadeira...

sobre esta vida que não me esquece,

e me evapora,

folheio, folheio... e o livro do poema amaldiçoado... me deseja,

me leva para o solstício do beijo,

e sendo eu sou um ausente,

que não sente, que não ama...

pergunto-me... o que é o amor?

É uma cidade destruída? É uma canção com poemas de chorar?

que a vida não esquece, que a vida não me esquece... de me recordar...

 

Esta vida que não me esquece,

quando lá fora há estrelas à minha espera,

quando lá fora a gaivota apaixonada... chora,

porque foi maltratada, porque foi espancada...

pelo vento da clareira cinzenta,

que desce comigo a calçada, e... e me atormenta.

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 27 de Julho de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:55

Participação de Francisco Luís Fontinha na logos nº9/Julho de 2014

 

 

http://www.carmovasconcelos-fenix.org/LOGOS/LOGOS-9JUL-2014-05T.htm

publicado por Francisco Luís Fontinha às 20:02

Há um beijo desgovernado,

há uma planície na frescura dos teus lábios,

um livro que arde, um livro que desiste de amar...

há silêncios com sabor a amanhecer,

olhares desatentos, olhares... olhares suspensos nas pálpebras da solidão,

há uma mulher com asas de papel na varanda do terceiro andar,

não chora,

não... não olha para ninguém,

há um beijo desgovernado,

uma manhã prisioneira que teima em acordar,

há um veleiro perdido no mar,

onde habita o marinheiro amor,

 

Há um corpo que procura os rochedos da dor,

e finge ser a preia-mar, e finge ser a cidade inacabada, sem braços, sem mãos...

sem... sem madrugada,

 

Há uma planície na frescura dos teus lábios,

um rio que desce a montanha sem perceber o significado da paixão,

há peixes assassinados,

peixes... peixes coloridos no cansado coração,

há um terceiro andar, e há uma rua com cabelos de oiro,

uma eira esquecida nas noites de luar,

uma estrada,

o livro que arde, e não sente nada,

há... há uma mulher... há uma mulher amada...

sem o saber, sem o sentir,

há um beijo,

um beijo que não sabe sorrir...

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 26 de Julho de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:07

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