Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

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Jul 14

Desejastes-me Senhora,

quando eu tudo tinha,

hoje, que não tenho nada,

vós, minha Senhora,

odiais-me...

pareceis, hoje, uma alminha,

denegrida,

deitada na madrugada,

 

Desejastes-me Senhora,

nas mansardas de Belém...

fazíamos amor olhando o rio,

triste, e habitado por chulos, putas... e Cacilheiros,

à janela,

os cigarros semeados numa casa amarela,

fumegavam, e gritavam... e gritavam... esta Senhora é bela,

bela Porcelana,

que rica Porcelana... ela!

Desejastes-me Senhora,

quando eu tudo tinha,

hoje, que não tenho nada,

 

vós, minha Senhora,

odiais-me...

 

O poeta é um fotógrafo de palavras,

um pintor de caricias e medos,

o poeta é... o poeta é um escultor...

molda, molda o corpo da minha Senhora bela,

do granito embalsamado...

que olhando outro rio,

não triste, não habitado por chulos, putas... e Cacilheiros,

vive como um coitado,

 

vós, minha Senhora,

odiais-me...

 

E ainda guardais dentro de um livro uma envelhecida flor,

 

Não morreu o poeta, não morreu a minha Senhora bela...

mas... mas morreu o amor,

 

E morreu a casa amarela.

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Terça-feira, 29 de Julho de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:25

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