O apeadeiro do desejo,
embrulhado no encarnado beijo,
o apito na garganta da insónia tombando sob os socalcos granitos,
o corpo roda, o corpo canta,
o corpo... o corpo é um pedaço de cacimbo,
esquecido nas mergulhadas mãos de cera,
o corpo arde na fogueira,
acorrenta-se ao cansado limbo,
o corpo... o corpo que a aldeia inventa,
e não lamenta...
o apeadeiro do desejo,
o corpo... o corpo é uma sebenta envenenada,
Uma estrada...
descendo a montanha das coxas cinzentas,
o corpo se enterra na derramada carne,
como uma árvore sem voz,
o corpo levita, o corpo não aguenta...
o silêncio triste das canções de Domingo,
uma estrada, e um corpo vestido de amanhecer,
espera, espera o regressar do apeadeiro do desejo,
espera... espera o vento nascer,
o corpo é uma rosa recheada com palavras de papel,
uma estrada, um barco correndo no pôr-do-sol,
o corpo se cansa e ama... ama o encarnado beijo,
O corpo não cessa,
e chora,
o corpo é um vinhedo com tecto de marfim,
o dia míngua, o dia nunca terá fim...
enquanto o corpo habita no meu peito,
deseja e escreve no xisto leito de pele doirada,
o corpo vomita os sons do orgasmo silencioso,
o corpo..., o corpo se esconde no colmo com paredes de vidro,
o corpo não cessa,
e chora...
enquanto houver madrugadas de brincar...
o corpo..., o corpo se ama e adora..., o corpo, o corpo é um poema de amar!
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quinta-feira, 31 de Julho de 2014