O vociferar do teu corpo de anémona-do-mar doirada,
sinto-o nos meus dedos, ele entrega-se às minhas mãos,
desvairado, aparece-me o silêncio mais longo da noite,
não há estrelas que adormeçam a tua pele...
se eu pudesse.... se eu pudesse embrulhava-te no meu olhar,
acendia a lareira dos meus braços...
e... e ficávamos prisioneiros a um livro,
líamos, líamos... líamos até que os cortinados do nosso quarto vomitassem os gemidos de granito dos orgasmos envenenados...
E o livro, e o livro ardia,
e a tua pele... e a tua pele... ardia,
O vociferar do teu corpo incandescente,
descendo a Calçada da Ajuda...
levavas contigo o rio,
e... e todas as gaivotas de papel,
E o livro, e o livro ardia,
e a tua pele... e a tua pele... ardia
num Domingo de cio,
Até que eu sentia o teu corpo de cinza na minha triste algibeira!
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Segunda-feira, 4 de Agosto de 2014