Há uma janela neste jardim da insónia,
um coração de palha com braços de aço,
um pássaro com vontade de amar,
há um vidro em estilhaços,
uma parede que ruiu...
há no olhar do amanhecer um falso sorriso,
uma rua em lágrimas,
em mim,
há uma janela, há uma janela com lábios de mar,
um paquete desgovernado...
tão triste, tão triste que não consegue olhar as amendoeiras em flor...
que habitam esta cidade enfeitada de amor,
Há uma janela com cortinados de dor,
uma cama suspensa nos rochedos de amar,
há um homem prisioneiro nas gaivotas de voar...
Há um solstício...
um cadáver vestido de sofrimento,
um velório, um velório de alegria,
há uma janela neste jardim da insónia,
um corpo mergulhado nas ervas daninhas...
uma multidão que grita,
e vomita...
palavras, frases, e árvores caducas,
há um jardim pertença de uma fotografia,
há um solstício...
em monotonia,
na janela da insónia...
Francisco Luís Fontinha - Alijó
Sexta-feira, 22 de Agosto de 2014