Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

24
Ago 14

Sou o legítimo dono da noite,

sou o candeeiro onde se esconde o mendigo,

o rio que não corre para o mar,

sou a ponte frágil em madeira que antes de ser ponte...

um caixote,

o cofre das minhas recordações,

as imagens,

os sons e os cheiros de uma terra que não existe mais...

 

Sou a videira que morreu no socalco,

sou o socalco que tombou...,

sou o cansaço legítimo e dono da noite,

a prostituta que sobe e desce a montanha dos segredos,

sou o vento de papel sobre a luz ténue da aldeia,

o sino que não se cansa de me acordar...

sou as palavras com lábios de poema,

dos sons e dos cheiros de uma terra que não existe mais...

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Domingo, 24 de Agosto de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:44

Da hirta saudade que a terra entranhou,

a embrionária canção de amar nos braços da tempestade,

a planície se afunda no húmus cansaço do amanhecer,

um olhar se perde,

uma palavra se reinventa na ardósia sangrenta da tarde,

uma árvore se deita,

e uma janela se encerra...

as ranhuras do corpo embalsamado são transparentes anzóis de metal,

e a chuva miudinha cai sobre as pálpebras pinceladas do amor,

uma ravina revoltada,

deixa afundar o cadáver da flor desgovernada,

da hirta saudade... a terra que me deixou partir!

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Domingo, 24 de Agosto de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 18:57

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