Este xisto onde me deito
E confesso os meus sonhos invisíveis,
Esta caverna sideral com clarabóias sombreadas,
Este medo de me perder na floresta dos bichos…
E este rio…!
Este rio com sabor a saudade,
Esta vida mergulhada numa cidade
Inventada,
Este xisto,
Esta montanha recheada de vaidades,
Estes pássaros que se alimentam dos meus ossos…
E me transformam em cadáver,
Este xisto e este cansaço
Que me suspendem nos rochedos do amanhecer,
As ondas que não cessam de brincar
No meu peito de sofrer,
E este abraço,
E este xisto rosado nas pálpebras da madrugada,
Esta estrada sem saída,
Esta rua deserta com palhaços,
Este xisto onde me deito
E um trapezista louco se abraça aos meus cabelos,
Este circo,
Este circo sofrido voando nos lábios dos socalcos envenenados…
Estes homens enforcados,
Este xisto,
Este xisto derretido em bocados,
Que se alicerçam aos meus segredos…
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quinta-feira, 28 de Agosto de 2014