Dormíamos sobre os limbos nocturnos da paixão,
existia entre nós uma canção melódica,
cansada de descer a calçada,
havia nos teus olhos a melancolia do amanhecer,
tal como os pingentes que o orvalho constrói nos teus seios...
dormíamos,
sem sabermos que ainda podíamos voar em direcção ao infinito castelo das areias brancas,
não sabias que eu era um transparente boneco de incenso,
dentro de uma caixinha em madeira,
só, só como as palavras embainhadas na espingarda da loucura,
dormíamos, dormíamos e construíamos papagaios em papel...
e da rua absorvíamos os esqueletos magoados do amor.
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Segunda-feira, 29 de Setembro de 2014