Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

30
Set 14

Movediças lajes de areia

que transportam o meu corpo até ao entardecer

este feitiço não cessa de arder

e este cansaço parece desgovernado

como um barco

ou um coração apaixonado...

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Terça-feira, 30 de Setembro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:49

29
Set 14

Dormíamos sobre os limbos nocturnos da paixão,

existia entre nós uma canção melódica,

cansada de descer a calçada,

havia nos teus olhos a melancolia do amanhecer,

tal como os pingentes que o orvalho constrói nos teus seios...

dormíamos,

sem sabermos que ainda podíamos voar em direcção ao infinito castelo das areias brancas,

não sabias que eu era um transparente boneco de incenso,

dentro de uma caixinha em madeira,

só, só como as palavras embainhadas na espingarda da loucura,

dormíamos, dormíamos e construíamos papagaios em papel...

e da rua absorvíamos os esqueletos magoados do amor.

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Segunda-feira, 29 de Setembro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:38

28
Set 14

Se eu voasse

não atravessava o Oceano para em ti poisar...

 

se eu voasse

não me levantava deste banco de silêncio

com mãos de pérola adormecida

não gritava

não... não chorava

porque as palavras são searas de insónia sobre um papel queimado,

 

um punhado de trigo

voando

sonhando...

na planície dos corpos embalsamados,

 

se eu voasse

não atravessava o Oceano para em ti poisar...

 

não escrevia

não lia...

não

não acreditava no amanhecer amar!

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Domingo, 28 de Setembro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:41

27
Set 14

Liberta-me

desassossega-me esta insónia fervilhante

que atormenta as minhas mãos

e me proíbe de escrever

liberta-me quando começar a madrugada

e lá fora

ninguém

ninguém para me ver

ninguém para me observar

quero ser a noite vestida de luar

quero ser o socalco que nunca se cansar de olhar...

o rio

e as pessoas que o rio engole e mata

liberta-me

liberta-me deste cansaço desengraçado

que habita nesta sanzala de lata.

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 27 de Setembro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:43

26
Set 14

Sentado te espero

sentado te procuro...

sentado te amo

sentado te abraço,

 

e não sei se tens forças para me alicerçares ao teu corpo,

tão pouco sei se tens corpo,

 

sentado te olho

sentado, tu

triste,

 

sentado te entendo

o que sofres

e o que resistes...

sentado sei que não vais desistir

de cortar os cadeados do sofrimento

nem vais fugir,

 

(e não sei se tens forças para me alicerçares ao teu corpo,

tão pouco sei se tens corpo),

 

mas sentado, eu, pego na tua mão e sinto em ti o luar.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sexta-feira, 26 de Setembro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:40

Com a participação de Francisco Luís Fontinha

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:16

25
Set 14

Tudo em meu redor parece embriagado

os livros

os desenhos

e as palavras

o meu corpo pesado

e os poemas embalsamados

dormem

sobre a secretária

como se fossem um mendigo diplomado

o meu olhar desassossegado

inventa candeeiros de papel

com anéis de tristeza

não existem lágrimas que escondam a madrugada

nem lábios de framboesa que abracem os meus braços de lata

o meu silêncio em greve

o meu silêncio uma videira acorrentada

aos socalcos da dor

o meu corpo ferve como fervem as línguas de fogo que habitam os meus cabelos...

tudo em meu redor morre

as plantas

as árvores...

e os pássaros sem nome.

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quinta-feira, 25 de Setembro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:57

Com a participação de Francisco Luís Fontinha

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:06

24
Set 14

Preciso de sentir-me vivo

escrever não é um sacrifício

uma obrigação

mas preciso

sentir-me vivo

às vezes triste

às vezes muito triste

às vezes alegre...

às vezes... muito pouco alegre

mas preciso de sentir-me vivo

e mesmo que amanhã seja o dia mais triste da minha vida

vou... vou escrever

amanhã vou contemplar a noite tal como o faço todas as noites

amanhã vou fumar o meu último cigarro do dia ao jardim

como o faço todas as noites

esteja triste ou alegre

muito triste

ou... ou desiludido comigo por não ser capaz de...

sentir-me vivo

por não ser capaz de escrever.

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quarta-feira, 24 de Setembro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:23

Com a participação de Francisco Luís Fontinha

publicado por Francisco Luís Fontinha às 20:53

Setembro 2014
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5
6

7
8
9





Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

subscrever feeds
Posts mais comentados
mais sobre mim
pesquisar
 
blogs SAPO