Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

18
Out 14

Esqueces-me como se eu fosse um papiro em combustão,

um corpo suspenso na fogueira da madrugada,

sinto-te dentro de mim,

afogada nas minhas lágrimas,

alicerças-te aos meus braços de madeira prensada,

és o espinho volátil do derradeiro amanhecer,

a válvula incandescente dos meus sonhos...

na esplanada da solidão,

 

Esqueces-me desde a noite preenchida com quadriculadas manhãs invisíveis,

dizias-me que nunca terminaria a luz dos olhos verdes,

e eles, morreram, morreram como morrem as andorinhas,

como morrem as árvores sonâmbulas dos cinzentos planetas,

 

Hoje sei que sou um cansado verme de pano,

uma caneta de tinta permanente que derrama sangue em vez de palavras...

 

Os cinzeiros do adeus mergulhados nas planícies coloridas de amar,

 

Esqueces-me como se eu pertencesse aos cadernos negros,

aqueles onde escrevia poemas parvos,

textos esmiuçados com sabor a Primavera,

sinto-te dentro de mim,

e não consigo assassinar-te,

viverás como uma prisioneira...

e eu, e eu que constantemente me esforço para te libertar...

e gritar,

 

Só, só me alimento das triste sombras do teu olhar!

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 18 de Outubro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:28

A morte inventada pela dimensão do infinito,

a equação do desespero cansa-se dos meus braços,

alicerça-se na geada cinzenta dos hospícios sem janelas,

a morte cintila no tecto da solidão...

e o rio me come,

e o rio me leva... e não voltarei aos fios de nylon da cidade,

o livro de ti, arde,

e das lâmpadas do abismo... filamentos de sangue em construção,

o navio solitário escreve-se e silencia-se na montanha de uma fotografia,

há no teu olhar a neblina do pastor sem solução,

há nos teus lábios os secretos sonhos do perdão...

e não conseguirei alcançar as tuas pálpebras de anelar sombra com odor a cansaço...

morrerei como um pássaro,

a morte não sabe...

que os suspiros da hipnose madeira fantasma... flutua nas plumas de uma bailarina,

partirei,

partirei como um veleiro sem velas,

disfarçado de homem...

com uma gaivota no meu coração.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 18 de Outubro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 14:34

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