Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

25
Out 14

Vagueias entre os lábios das andorinhas de papel

és uma planície desgovernada

que espera ser semeada...

com palavras

e beijos de pólen

vagueias nos disfarces da madrugada

ténue luz

janela encerrada,

 

Vagueias... com arte

vagueias na geometria complexa do meu olhar

esperamos o regressar da vertigem

há em ti o silêncio e a viagem

de vaguear sem destino

vagueias na metamorfose dos ossos de cristal

entre os barcos cansados de caminhar...

… e os homens embebidos nos poemas de chorar,

 

Vagueias no sexo inventado dos amores risíveis

trazes no peito a claridade da insónia

misturamos os dedos nas mãos que vagueiam as montanhas de sémen...

vagueias por vaguear

e sonhas com círculos suspensos no Céu

… e os homens embebidos nos poemas de chorar

que o poeta deixou na clareira amortalhada

que o poeta cessou depois da tua partida,

 

Vagueias miúda no cigarro incandescente

corres, corres... corres sem perceber que há no amanhecer fotografias tuas

calendários moribundos...

e relógios com mecanismos envenenados

vagueias nos alicerces da solidão

deitas a cabeça no meu peito

e em tristes suspiros...

finges que me amas... quando é impossível amarem este poeta de luz...

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 25 de Outubro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:38

Com a participação de Francisco Luís Fontinha - Alijó

publicado por Francisco Luís Fontinha às 20:55

O esboço atrapalhado das palavras incendiadas pelo teu coração,

a ilha afundada no centro geométrico do Oceano da escuridão,

os tímidos beijos engasgados na neblina falsa quando a manhã se masturba no teu olhar,

a confusão dos lábios quando há mãos fugitivas que acariciam o teu peito de anelar amanhecer,

fingir que...

… que existem flores no teu cabelo,

às horas adormecidas num triste calendário suspenso na parede da solidão...

e fogem,

e saltitam...

todas as madrugadas de desassossego,

o meu corpo se esquece de caminhar,

e arde,

o esboço na algibeira do cansaço,

o parvo pedreiro construindo muros invisíveis com sabor a paixão...

dos homens, dos silêncios embalsamados que transportam poemas,

poemas envenenados pelas tuas coxas de marfim prateado,

o esboço amor numa límpida árvore em pleno voo...

ao longe o mar..., só,

ao longe os azimutes do sexo alimentando espelhos nocturnos...

… que nem a própria noite aquece,

que nem os teus seios desejam,

perco-me na tua jangada de suor quando a tua pele de papel se deleita...

e uma estrada sem saída, e um carrossel de madeira em pequenas fatias de morte,

gritam eles...

“não temos sorte”,

e há uma casa que nos espera, e há uma casa vazia com pobres janelas...

não durmo, não leio o que escrevo,

por medo, por medo, por medo... dos espelhos nocturnos.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 25 de Outubro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 14:57

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