Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

30
Nov 14

A cidade a arder

quando os teus lábios se entranham nos meus lábios

alguém liga o interruptor da noite

e ela cai sobre os teus seios

como a tempestade

ou... ou a destruição do muro que nos aprisiona

e come a cidade a arder

e as ruas em fuga

para a outra margem

o barco escondido nas tuas mãos

nos leva

e desaparecemos na neblina,

 

A fogueira que há em ti

e faz do teu corpo o aço em delírio

o sino da aldeia nos acorda

e alimenta

e encanta...

como um jardim despido à nossa espera

tenho medo das tuas garras de serpente sem nome

envenenada pela paixão

a cidade a arder...

na cidade com fome

da cidade sem coração

da cidade dos rochedos em liberdade.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Domingo, 30 de Novembro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 20:01

Sinto as tuas mãos

meu marinheiro iletrado

ensanguentadas

poisadas nos meus ombros de xisto

o rio se entranha nas minhas veias

no meu peito socalcos se embriagam

e sentem

o peso da despedida,

 

a lentidão da esperança

mergulhada no lixo poético do meu cansaço

e há mulheres tão lindas... esperando um abraço,

 

e há mulheres tão lindas... esperando um beijo

e sinto

as tuas mãos meu marinheiro iletrado

quando as candeias da saudade acordam

e fingem

que hoje é dia dos tentáculos de sal

das palavras enxertadas de insónia

e meu querido...

as minhas palavras são a febre que alimentam as hélices do corpo em cio

e do clitóris da estória...

sinto as tuas mãos...

meu querido!

 

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Domingo, 30 de Novembro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 01:05

29
Nov 14

A astronomia loucura do profeta

as paredes encarceradas do guerreiro desconhecido

à força e pela força

o cansaço espaço de luz nos confins rochedos da melancolia

a astronomia

embriagada pelos momentos sem pressa

numa carta de despedida

sem palavras

ou... ou remetente

uma aventura na escuridão da cama do sonambulismo

os cigarros absorvidos pela morte do fumo colorido...

e um caixão de espuma poisado nos alicerces da canção de revolta

 

cessem este destino

e o silêncio

da atmosfera encarnada em comestíveis soluços de desejo

a astronomia loucura do profeta

sentado em frente ao espelho da agonia

sem sentido

sem... sem melodia

antes de acordar o dia

 

o vento sofrido

o corpo mordido pelos meus dedos

o odor embalsamado do prazer

em finíssimos gemidos

e uivos...

e no entanto

não existem ruas na minha mão

casas

flores

nada

apenas... um rio adormecido numa fotografia

e um Domingo desorganizado e despido...

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 29 de Novembro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:17

A arte em desespero

que cresce no meu peito de vidro

há nas minhas palavras sorrisos de vento

e...

e segredos de nada

a arte em desespero que esta terra alimenta

o sofrimento da alma quando o livro se esquece de acordar

e cresce

no meu peito de vidro

a insónia do mar

e a tempestade de viver...

inventando espelhos inanimados

 

que só o corpo consegue fazer

 

a arte em desespero

na cidade dos enlatados lábios

o amor quando aparece...

e sem o perceber

em desespero

as minhas mãos evaporam-se na neblina assassina

não o quero

prefiro o invisível sapateado das amendoeiras em flor

a arte

em desespero...

a arte em desassossego

que o desespero pinta no olhar do pintor...

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 29 de Novembro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 15:30

Simplificado orgasmo sem sentido,

o prazer da escumalha insónia

quando o clitóris se enfurece

e foge... em direcção ao mar,

simplificado sorriso das tuas fantasias disfarçadas de cidade,

transeuntes em fúria,

nomes desorganizados

nos braços de estátuas embriagadas,

soníferos sofrendo quando a noite se despede do silêncio,

a morte em fumo

disfarçado de cigarro... a morte

o insignificante abutre na canção da estória...

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 29 de Novembro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 01:35

28
Nov 14

Os teus olhos pincelados de verniz

camuflados no sombreado silêncio de uma ardósia

a tarde sem destino

e o menino...

embrulhado nas palavras adormecidas pelo giz

que só o luar consegue apagar

e destruir

o barco vai partir

sem conhecer a direcção...

ou... ou o cais para ancorar

e há uma corda suspensa nos lábios da solidão

que transcende o homem que deseja mergulhar no Oceano,

o desengano

do desassossego vestido de beijo enfeitiçado

a menina dança?

os teus olhos que só os pássaros percebem

o teu corpo de esferovite à deriva na planície das lágrimas incendiadas pelo areal...

um grito de revolta

alicerçado ao magnetismo esconderijo das geadas envenenadas

a embriaguez estonteante das madrugadas

quando o relógio de pulso se suicida num abraço de cartão canelado

e o homem responsável pelos teus olhos pincelados de verniz...

… morre lentamente na fogueira da paixão

como a perdiz

nas garras do amanhecer

e nesta vida de viver...

os teus olhos são cerejas de sofrer.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sexta-feira, 28 de Novembro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:52

27
Nov 14

Alicerçar-me nos teus braços

como se eu fosse um faminto,

não.

 

Um sorriso de pergaminho

nos lábios de uma caneta de tinta permanente,

uma folha húmida,

como a tua pele...

sobre a secretária desarrumada,

uma pilha de livros à minha espera...

e nada,

nem palavras,

nem leitura,

apenas oiço “Wordsong”...

e... e imagino o “AL Berto” deambulando

pela cidade dos transatlânticos...

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quinta-feira, 27 de Novembro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 23:06

26
Nov 14

A mecânica do esqueleto de pedra

em movimento uniformemente acelerado,

no abismo das amendoeiras enlouquecidas

adormece um sorriso cansado,

triste,

porque habitam nos lábios de uma gaivota os desenhos embriagados,

a mecânica...

do sexo quando emerge das sílabas tontas o orgasmo da palavra,

deita-se na fina folha de papel não escrita,

branca como o silêncio... como o silêncio da mecânica...

que grita,

e chora nas encostas perdidas,

na montanha do Adeus,

brincam as crianças das planícies nocturnas do infinito,

descobrem o beijo num qualquer espelho sem nome,

e a cidade entra em ebulição quando uma janela se alimenta do cortinado colorido,

a mecânica... não sabe o que é o amor,

a física quântica alicerça-se ao esqueleto de pedra,

e as mandíbulas ínfimas de espuma...

correm nas veias do poeta,

tenho no meu quarto um veleiro ensonado,

sem bandeira,

sem... sem Nacionalidade,

como a saudade...

sempre desalinhada com os carris invisíveis da paixão.

 

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quarta-feira, 26 de Novembro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 23:19

25
Nov 14

Marinheiro

cansado das palavras sem título

que se acomoda com as tempestades

marinheiro... invisível

come saudades

e... e alguns versos

não dorme

não consegue sonhar

e não acredita no futuro...

marinheiro infernal

que veste um esqueleto de algas

e cobre o cabelo com o jornal

marinheiro ensanguentado

que finge olhar as estrelas

e o luar

marinheiro

cansado das palavras...

dos barcos de papel

e dos Oceanos de prata

marinheiro embalsamado que se esconde na praia

imagina corpos enlatados

e pássaros em silêncio...

ouve os sons melódicos da noite

como se a noite fosse música

ou... ou um poema em ascensão

ou... ou um poema com odor a morte

marinheiro

marinheiro das palavras

marinheiro sem sorte

e ele não sabe que junto ao Tejo

habitam as lágrimas do espelho da solidão...

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Terça-feira, 25 de Novembro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 20:38

24
Nov 14

Não quero amar-te

sou um exíguo caixão de espuma

onde habita o meu corpo de silêncio

não quero amar-te

porque sou filho da bruma...

e tenho na mão o sonho de voar

não quero amar-te

sou um exíguo caixão de espuma

com janelas voltadas para o mar

não

não quero amar-te

sabendo que o amor é uma canção sem palavras,

sem vida

quando a frenética cidade se evapora na escuridão...

amar-te seria uma tempestade

ou... ou um vulcão,

não quero amar-te

porque há nos meus poemas pedaços de morte

e rochedos de cartão

não

não quero amar-te

enquanto existir em mim a solidão...

 

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 24 de Novembro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:34

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