Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

08
Nov 14

O teu corpo radiografado por um louco poema

os teus ossos catalogados e encaixotados em pequenos cubos de vidro

a gaivota amar que voa nos teus seios

e não dorme

e...

e o teu corpo radiografado passeando na seara morta

as tuas coxas pinceladas pela mão do louco poema

e... e os teus ossos descendo a calçada do Adeus

pedindo esmola na rua dos muros amarelos

um vulto faz-se à vida

parte o invisível vidro do carro abandonado

e rouba o louco poema sem pronunciar a palavra “obrigado”,

 

O teu corpo que mergulha na minha mão

em fatiados abutres de madeira prensada

gritam

gritam e não fazem nada...

 

Há uma estória não terminada

uma canção escrita e guardada nas prateleiras da insónia

o teu corpo que chora

e sonha

e habita na minha memória

morta

como a seara deambulando no silêncio enfeitiçado

os ossos em pó

puro pó virgem...

sofrendo nos canos de uma espingarda

sofrendo...

o cansaço da naftalina madrugada.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 8 de Novembro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:35

A tristeza morreu

no vão de escada sem saída

o esqueleto meu

dançando nas palavras sem vida

a tristeza é uma prostituta sem destino

uma cidade esquecida num qualquer subúrbio onde brinca um menino

a tristeza que se alicerça aos braços do barco encalhado

e o rio o acolhe e alimenta

como um filho

como um... como um filho empalhado

ele sorri e canta as canções de amar

a tristeza não sabe que existe uma bandeira oblíqua

uma bandeira com sabor a mar

e um País distante...

o País da saudade

porque a tristeza... porque a tristeza morreu sem vaidade.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 8 de Novembro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 20:19

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