Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

10
Nov 14

Foda-se esta vida de morrer,

foda-se a loucura e o saber,

foda-se a poesia e a literatura,

foda-se o silêncio

e a Primavera

e a escravatura,

foda-se o meu corpo embalsamado,

foda-se o cansaço,

a rua deserta e sem transeunte embriagado,

fodam-se os barcos,

as caravelas

e os cavalos de aço.

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

segunda-feira, 10 de Novembro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 00:46

Meninos

meninas

senhoras e senhores...

o grandioso espectáculo vai começar,

malabaristas,

trapezistas...

cobras amestradas e homens de vidro,

canções, poesia e melódicas palavras...

(em tesão)

grandioso espectáculo...

bonecos em barro,

borboletas em papel rebuçado,

loucos, loucas e vampiros em chocolate,

casas sem janelas,

moças donzelas...

e...

e... e... e gaivotas em porcelana,

hoje,

só hoje...

o grandioso espectáculo da neblina matinal,

oito,

apenas oito bilhetes para o inferno...

o espectáculo de Inverno,

e as crianças não pagam,

mas... mas também não entram!

em cinco, em quatro, em... um... e zero...

as sete charruas do mendigo,

os três forquilhas da Andorinha,

o palco em vibração,

a cabeça em abraçados cansaços de xadrez,

oito,

três,

o amor que não vê,

nem sabe... que este circo,

circoooooooooooooooooooooooo...

chegou hoje à cidade.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Segunda-feira, 10 de Novembro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:41

É esta página em branco que te acompanhará,

regressarei ao meu destino,

como em menino...

triste por partir,

amanhã vou sorrir...

porque vou zarpar,

os outros que transportam as sílabas de luz no olhar,

serão recordados,

amados,

é esta página em branco que te acompanhará...

como uma casa construída de pálpebras castanhas

e janelas de silêncio,

 

O Oceano será o meu aconchego,

a minha Pátria,

porque dizem que sou um apátrida,

pois... não nasci em Portugal...

também não sou Angolano,

sou um cidadão filho do mar,

porque os nascidos antes de 11/11/1975... não são Angolanos,

é esta a página em branco que te acompanhará...

sem lágrimas,

não enrugada,

e sempre sorridente,

como a alvorada,

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Segunda-feira, 10 de Novembro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 20:43

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