Os teus olhos pincelados de verniz
camuflados no sombreado silêncio de uma ardósia
a tarde sem destino
e o menino...
embrulhado nas palavras adormecidas pelo giz
que só o luar consegue apagar
e destruir
o barco vai partir
sem conhecer a direcção...
ou... ou o cais para ancorar
e há uma corda suspensa nos lábios da solidão
que transcende o homem que deseja mergulhar no Oceano,
o desengano
do desassossego vestido de beijo enfeitiçado
a menina dança?
os teus olhos que só os pássaros percebem
o teu corpo de esferovite à deriva na planície das lágrimas incendiadas pelo areal...
um grito de revolta
alicerçado ao magnetismo esconderijo das geadas envenenadas
a embriaguez estonteante das madrugadas
quando o relógio de pulso se suicida num abraço de cartão canelado
e o homem responsável pelos teus olhos pincelados de verniz...
… morre lentamente na fogueira da paixão
como a perdiz
nas garras do amanhecer
e nesta vida de viver...
os teus olhos são cerejas de sofrer.
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sexta-feira, 28 de Novembro de 2014