Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

25
Dez 14

Sinto-me um rouxinol sem voz,

uma árvore camuflada de silêncio

à procura da madrugada,

 

sinto-me um caixote de vidro

colorido

com mil sorrisos...

que só a noite sabe construir,

 

Sinto-me a canção abandonada,

a canção de amor,

sinto-me um rouxinol sem voz,

desanimado,

triste,

não amado,

 

sinto-me a página de um livro rasgado,

a seta que feriu o teu coração,

o arco,

a flecha...

sinto-me... sinto-me um barco sem estória.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

quinta-feira, 25 de Dezembro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 00:21

Os orgasmos poéticos

quando do chão esfomeado

se levanta

a matriz

ouvem-se as vozes disformes das andorinhas em flor...

ouvem-se... as sombras de aço nos lábios de uma abelha!

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quinta-feira, 25 de Dezembro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 15:36

Havia um emaranhado de fios eléctricos dentro da sala de jantar, todos eles eram providos de rosto, voz... e esqueleto, sentia a cada desperdício de cerveja o regresso do Oceano meu coração, ouvíamos alguns sons melódicos que o Rui tinha adquirido em cinco suaves prestações, e a Madalena saciava-se com um livro de poemas,

Amo-te sem saber porquê...

Os poemas dançavam no ventre de Madalena, sentia cada palavra como se de um desejo se tratasse, ou de um orgasmo em despedida,

Amanhã vou caminhar depois do jantar, olhar as estrelas amantes da trigonometria, desenhar círculos de papel nas clarabóias da inocência..., e olhar-te, e olhar-te como se existisses, como se fosses um texto de ficção dentro da fogueira,

A lareira sonolenta abraçava-se aos teus seios,

Amo-te sem saber porquê...

E eu sabia que nos teus seios apenas habitavam as minhas mãos de porcelana,

A morte em pequenos assobios,

As horas em agonia num relógio de parede,

E eu sabia que nos teus seios...

Texto de ficção?

Em quadriculas, os números agoniados e agachados junto ao capim do quintal, nunca tinha olhado o Sol depois das cinco da tarde,

E eu sabia que nos teus seios...

Texto de ficção?

E mesmo assim, deitado debaixo das mangueiras... imaginava petroleiros a entrarem dentro de mim,

tive medo, senti o primeiro beijo, a primeira carícia, o primeiro e derradeiro contacto, os lábios deixaram-se apelidar de Amor,

Amas-me?

O amor, os poemas dançavam no ventre de Madalena, sentia cada palavra como se de um desejo se tratasse, um orgasmo em despedida, os gemidos dos poemas inseminados nas páginas abandonadas de uma velha folha de papel, a caneta de tinta permanente... pesadíssima, as correntes do teu olhar acorrentavam-me, deixei de sentir os braços, as pernas, o... o amor,

Amas-me?

Deixaram-se apelidar de Amor,

Havia um emaranhado de fios eléctricos dentro da sala de jantar, os fusíveis dos meus sentimentos... ardiam, e percebi que nunca mais conseguiria perceber o Amor,

Amas-me?

E eu sabia que nos teus seios...

Texto de ficção?

Não revisto, não lido, não...

Não percebo as palavras que escrevi na tua pele de marginal semeada de palmeiras, barcos encalhados e... e gaivotas.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quinta-feira, 26 de Dezembro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 01:26

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