Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

26
Dez 14

Partiste sem que o orvalho poisasse em ti,

Levaste no corpo todas as minhas palavras,

E o calor das minhas mãos…

 

Lisboa estava dentro de nós,

E havia no Tejo um beijo embrulhado em pequenas velharias…

Uma feira,

Beijaste-me e começaste a voar,

Olhei e estavas ao leme de um paquete de papel,

Aquele que anos antes,

Uma criança…

Construiu para ti,

 

Partiste sem que o orvalho poisasse…

Em silêncio,

… até que a neblina te engoliu,

 

E todas as minhas palavras morreram

Na saudade dos meus lábios!

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sexta-feira, 26 de Dezembro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 18:40

26
Dez 14

Sinto-me um rouxinol sem voz,

uma árvore camuflada de silêncio

à procura da madrugada,

 

sinto-me um caixote de vidro

colorido

com mil sorrisos...

que só a noite sabe construir,

 

Sinto-me a canção abandonada,

a canção de amor,

sinto-me um rouxinol sem voz,

desanimado,

triste,

não amado,

 

sinto-me a página de um livro rasgado,

a seta que feriu o teu coração,

o arco,

a flecha...

sinto-me... sinto-me um barco sem estória.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

quinta-feira, 25 de Dezembro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 00:21

Os orgasmos poéticos

quando do chão esfomeado

se levanta

a matriz

ouvem-se as vozes disformes das andorinhas em flor...

ouvem-se... as sombras de aço nos lábios de uma abelha!

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quinta-feira, 25 de Dezembro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 15:36

Havia um emaranhado de fios eléctricos dentro da sala de jantar, todos eles eram providos de rosto, voz... e esqueleto, sentia a cada desperdício de cerveja o regresso do Oceano meu coração, ouvíamos alguns sons melódicos que o Rui tinha adquirido em cinco suaves prestações, e a Madalena saciava-se com um livro de poemas,

Amo-te sem saber porquê...

Os poemas dançavam no ventre de Madalena, sentia cada palavra como se de um desejo se tratasse, ou de um orgasmo em despedida,

Amanhã vou caminhar depois do jantar, olhar as estrelas amantes da trigonometria, desenhar círculos de papel nas clarabóias da inocência..., e olhar-te, e olhar-te como se existisses, como se fosses um texto de ficção dentro da fogueira,

A lareira sonolenta abraçava-se aos teus seios,

Amo-te sem saber porquê...

E eu sabia que nos teus seios apenas habitavam as minhas mãos de porcelana,

A morte em pequenos assobios,

As horas em agonia num relógio de parede,

E eu sabia que nos teus seios...

Texto de ficção?

Em quadriculas, os números agoniados e agachados junto ao capim do quintal, nunca tinha olhado o Sol depois das cinco da tarde,

E eu sabia que nos teus seios...

Texto de ficção?

E mesmo assim, deitado debaixo das mangueiras... imaginava petroleiros a entrarem dentro de mim,

tive medo, senti o primeiro beijo, a primeira carícia, o primeiro e derradeiro contacto, os lábios deixaram-se apelidar de Amor,

Amas-me?

O amor, os poemas dançavam no ventre de Madalena, sentia cada palavra como se de um desejo se tratasse, um orgasmo em despedida, os gemidos dos poemas inseminados nas páginas abandonadas de uma velha folha de papel, a caneta de tinta permanente... pesadíssima, as correntes do teu olhar acorrentavam-me, deixei de sentir os braços, as pernas, o... o amor,

Amas-me?

Deixaram-se apelidar de Amor,

Havia um emaranhado de fios eléctricos dentro da sala de jantar, os fusíveis dos meus sentimentos... ardiam, e percebi que nunca mais conseguiria perceber o Amor,

Amas-me?

E eu sabia que nos teus seios...

Texto de ficção?

Não revisto, não lido, não...

Não percebo as palavras que escrevi na tua pele de marginal semeada de palmeiras, barcos encalhados e... e gaivotas.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quinta-feira, 26 de Dezembro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 01:26

24
Dez 14

Come-me noite vadia

dos silêncios torturados,

come-me mar doentio

dos abraços forçados,

das ribeiras apaixonadas,

come-me...

noite vadia

das ruelas e calçadas,

filho da cidade em chamas,

come-me sanzala recheada de sombras,

aranhas,

e...

come-me,

come-me como se eu fosse um pedaço de erva seca

voando na seara do adeus,

come-me,

come-me... feiticeiro das nocturnas avenidas,

dos bares embriagados de meninas...

come-me,

come-me... luar desenhado na alvorada,

come-me noite vadia

dos silêncios torturados,

das tristes palavras em agonia,

come-me... rochedo de vento dançando no teu nome.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quarta-feira, 24 de Dezembro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 23:04

Tínhamos no olhar o silêncio da noite

caminhávamos desordenadamente como dois pontos perdidos no espaço

procurávamos o invisível cansaço

que só as tardes de Dezembro conseguem alimentar

e no entanto

pegando na tua mão...

não havia luar

nem palavras na ardósia dos teus cabelos...

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quarta-feira, 24 de Dezembro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 20:26

24
Dez 14

O que me diz a morte

quando te entranhas em mim

e me alimentas com o teu calor...!

 

São as horas em cio

dos teus medos, das tuas recordações,

são as palavras em habitáculos de silêncio...

o que me diz a morte

quando te entranhas em mim

e me alimentas com o teu calor...!

 

O que penso,

sinto,

aquilo que não quero pensar...

nos meus sonhos em labaredas de nylon.

 

Prontas para amar...

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Terça-feira, 23 de Dezembro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 00:41

(recordações de 1987/1988)

 

 

Deixei de te ouvir,

cessaram os lamentos dos teus lábios

que brincavam nos finais de tarde junto ao Tejo,

desenhávamos barcos no sorriso do pôr-do-sol...

e havia sempre uma bandeira poisada nos nossos ombros de granito,

deixei de te ouvir,

encostei a cabeça ao teu peito...

e juro... e juro que desde então oiço todas as manhãs o mar dentro de mim.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Terça-feira, 23 de Dezembro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:51

22
Dez 14

Caminhas sobre as tâmaras apaixonadas do deserto,

inventas-me num sorriso de areia húmida,

alicerças-te ao meu corpo quando o vento invade os teus seios...

e mesmo assim, para ti, sou apenas um desanimado,

um louco passeando no invisível,

o esqueleto que todos fotografam... e ninguém observa a fotografia que há em mim,

a desfocada imagem, sem olhar, com medo da paixão imensurável,

e dos peixes comestíveis,

caminhas sobre os meus ossos pérfidos,

sem inscrições,

apenas alguns algarismos vagueando nos meus lábios,

sem inscrições...

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Segunda-feira, 22 de Dezembro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 23:36

(desenho de Francisco Luís Fontinha)

 

 

Um tentáculo de gelo beija os teus lábios

desce do teu olhar a lágrima de fogo

que vai incendiar o meu peito...

há vozes desorganizadas em revolta

há crianças que esperam o regresso do circo

e a cidade se transforma num manicómio com paredes de vidro,

 

O sino da Igreja grita

chora...

o vento despede-se dos cabelos brancos em desalinho

são horas da cidade adormecer

correr os cortinados do destino...

e talvez amanhã, alguém... consiga destruir o manicómio com paredes de vidro.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Segunda-feira, 22 de Dezembro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 20:45

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