Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

07
Dez 14

Todos nós

somos anfíbios poetas,

algas de acariciar...

todos nós somos estrelas em solidão

nuvens por catalogar...

palavras sem paixão...

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Domingo, 7 de Dezembro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 13:12

06
Dez 14

Há feridas invisíveis no teu sorriso

que nem o espelho da saudade consegue desenhar,

pareces uma fotografia embalsamada,

sem alma...

esquecida num qualquer lugar,

há feridas invisíveis...

e crateras de espuma

que só as tuas pálpebras alicerçam às meticulosas palavras sem destino,

 

em ti o menino vestido de preia-mar

que corre e correr... e corre sem se cansar,

em ti e de ti...

as feridas entristecidas dos biombos nocturnos da vaidade,

 

esta cidade,

o teu corpo vagueando no sexo da paixão

como um cadáver enraivecido... fundeado no rio sombreado pelo incenso...

uma carta sem destino que te bate à porta,

um carro preguiçoso em tristes aventuras,

há feridas invisíveis no teu sorriso

que os cigarros da despedida alimentam,

mas... mas no teu olhar cessaram as lágrimas de chocolate,

 

em ti

e de ti...

 

a mentira do silêncio embrulhada na portaria

de pequeníssimos fios de luz,

o teu livro preferido que arde... enquanto se extingue o dia,

dentro dos teus seios,

 

em ti

e de ti...

 

o cansaço abstracto das montanhas de papel,

os rochedos envenenados pela noite dos marinheiros

e que tu não entendes os seus medos

e inquietações,

não me ouves... porque a minha voz pertence ao cacimbo

e do cacimbo emerge como uma lâmina de sangue,

em veias de nylon

ao deitar.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 6 de Dezembro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:35

As migalhas do teu suor

quando há nuvens com fome

e esqueletos sem nome...

os tentáculos da tua dor

mergulhados na calçada do Adeus

há uma rosa

há uma flor

que a noite alimenta

e não quer

na lareira da solidão

mas só as estrelas conseguem

desenhar na tua mão,

há uma paisagem sem amor

no sorriso de um caixão

há jardins embriagados esquecidos na escuridão

as migalhas do teu suor

quando há nuvens com fome

e esqueletos sem nome...

há ossos de papel voando na madrugada

que só o amanhecer consegue parar

há barcos infelizes

e há barcos apaixonados...

mas as migalhas do teu suor

são os alicerces da cidade dos pássaros aprisionados.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 6 de Dezembro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 20:35

06
Dez 14

Esta casa sem mão

completamente embriagada pelo fogo da madrugada

de janelas encerradas

com portas em latão,

Esta cabeça casa sem mão

o teu corpo em desalinho

dentro da lareira...

sem perceber que há um amanhecer colorido,

Este caixão

na casa sem mão

o celibato cansaço quando há na tarde esqueletos

e escuridão...

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sexta-feira, 5 de Dezembro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 00:55

Não consigo imaginar
As lágrimas de uma criança
Quando tem fome
Medo… que cresce sem infância
Não consigo imaginar
As lágrimas de um menino
Sozinho
Esquecido no centro da cidade
Não consigo imaginar…
A mãe do menino
Com medo
Com fome… sem nada para lhe dar.





Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sexta-feira, 5 de Dezembro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:31

04
Dez 14

A lentidão do desejo sonífero

que mergulha nos teus abraços sem sentido

o espelho da insignificância em pedaços de papel

que do vento regressam os fios loucos do teu cabelo iluminado pelo luar

trazem alegria

trazem poesia...

e tu pareces não perceber

que a lentidão do desejo

é uma digital fotografia

que arde

e que grita

a cada novo dia...

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quinta-feira, 4 de Novembro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:45

03
Dez 14

Inventei-te numa noite de solidão,

escrevi o teu nome fictício numa muralha de xisto

que a tempestade tombou,

havia no teu olhar socalcos cansados

e vinhedos sombreados

de... paixão...

 

Havia na tua mão

uma carta por escrever,

e lá dentro...

um beijo,

um beijo desenhado no meu sorriso

com lágrimas de sofrer,

 

Inventei-te numa noite de solidão,

abri os cortinados e olhámos as estrelas de papel crepe...

havia luar nos teus cabelos

e neblina cinzenta nas tuas pálpebras de adormecidos rochedos,

e quando me abraçaste... a cidade morreu,

como morreram todas as cidades onde habitámos,

 

hoje, somos dois esqueletos vadios...

vagueando pela embriagada poesia de um louco,

dois pássaros sem árvores para poisar...

hoje, somos dois esqueletos vadios... sem Oceano para navegar,

e esperamos,

impacientemente que acorde a madrugada.

 

(e hoje... nada me apetece escrever...)

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quarta-feira, 3 de Dezembro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:58

02
Dez 14

Não saboreies as minhas tristes palavras de zarcão

que a manhã come enquanto dormes e finges sonhar

não permitas que entre o mar dentro de ti

e se alicerce aos teus desejos

não tenhas medo dos cortinados cinzentos

que a madrugada esconde nas pálpebras do vento

como quem morre

em sofrimento...

 

Não saboreies os meus lábios encaixotados

como pedaços de cacos e miudezas...

que galgaram o Oceano em direcção ao teu coração

não digas que a noite é uma mistura gasosa de iões e positrões...

 

Não

não saboreies os meus tentáculos de espuma

como se eu fosse uma cidade voando na preia-mar

não confundas o amor com a amizade

não

não confundas as palavras tontas com as palavras embriagadas

pelo cansaço

ou... ou pelo Inverno em desassossego,

 

Não saboreies as minhas tristes palavras de zarcão,

 

Inventa amanheceres de cartão

gaivotas de porcelana...

mas... não

não saboreies as milhas tristes palavras de zarcão.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Terça-feira, 2 de Dezembro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:32

01
Dez 14

Arcaico silêncio que finge adormecer nas minhas mãos

saboreiam o teu corpo pincelado de luz

como a névoa pálpebra de papel voando sob o púbis da madrugada

a mendicidade dos teus lábios quando o meu espelho se parte em teu sorriso

o verme poema enrolado nos teus seios...

em curvilíneos cansaços

traçando lágrimas de sémen no triângulo nocturno da insónia

da janela... o teu perfume em pequeníssimas lâminas de suor,

 

Uma equação de amor morre na quadriculada folha embriagada,

 

Arcaico silêncio que finge...

minhas mãos indiferentes à parábola do teu cabelo

se existes... é porque pertences às telas invisíveis do amanhecer

como andorinhas ancoradas às cordas da solidão

que ardem

e se evaporam...

 

Uma equação de amor morre na quadriculada folha embriagada,

 

E tu não percebes que há na matemática a paixão secreta do desejo

que na ardósia tarde junto ao rio

o teu corpo pertence-me na plenitude simetria de uma canção

que te revoltas

nos meus braços

como uma criança em distantes birras...

desenhando círculos na areia

ou... ou escrevendo sílabas numa rua sem saída.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Segunda-feira, 1 de Dezembro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 23:01

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