Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

25
Jan 15

Nunca soube o que era o amor, acreditava nas gaivotas em papel da minha infância, recordo o triciclo enferrujado, o boneco estúpido que apelidei de “chapelhudo”..., que parvalhão apelidava o seu fiel amigo de “chapelhudo”, eu, claro,

As palavras misturados entre orgasmos e flores, gemidos cirílicos suspensos nas andorinhas em flor,

Eu?

Nunca,

O amor,

Poemas escritos debaixo da embriaguez

Freguês?

Nem uma modinha habita na minha algibeira, e o amor sossegado debaixo de uma mangueira, crescia, brincava e...

Nunca,

E embrulhava-se na timidez de um novo dia, e lentamente, os meus ossos alimentados pelos sulcos solitários da noite, a barriga crescia-lhe, é menino? Menina?

Freguês?

Eu, simulador de voo quando as estrelas dormem, e habita na minha algibeira uma película fina de desejo,

O que é o desejo...!

Não

Nunca soube o que era o amor,

Não pai, não pode ser,

A vida é viver, um dia, dois dias, um quatro de dia..., percebes?

VIVER...

E amar?

Não sei, meu pai, não... sei.

 

(…)

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Domingo, 25 de Janeiro de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 00:12

Desenho_A1_17.jpg

 

(desenho de Francisco Luís Fontinha)

 

 

Trazíamos no corpo as feridas da luz,

havia silêncio nos teus olhos

e na pedra fulminante da paixão,

tínhamos nas estrelas o cansaço das palavras

roubadas do jardim sem coração,

desenhávamos o amor na areia fria da insónia,

como se houvessem lençóis de prata nos teus ombros...

equações,

geometria invisível galgando a ardósia da tarde,

e sabíamos que o suicídio do amor

aconteceria um dia,

como acorrentadas mãos a uma caneta,

uma corda em lágrimas imaginada pelo abstracto objecto das arcadas envergonhadas,

as rochas frias que alimentavam o desassossego do poema,

e nos teus braços...

as sílabas que sentiam as tristes pontes metálicas

e os animais enraivecidos,

trazíamos no corpo as feridas da luz,

o poço da morte iluminado pela tua pele em pedaços de suor...

o desejo de ti quando lá fora alguém gritava pela alvorada,

e não tínhamos horário para navegar nas ondas secretas do mar,

vadiávamos a cidade,

comíamos sombras de nada...

e amávamos a literatura.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Domingo, 25 de Janeiro de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:46

Desenho_A1_18.jpg

 

(desenho de Francisco Luís Fontinha)

 

 

esqueci as palavras e os peixes do teu Oceano,

rasguei o teu sorriso numa noite ventosa,

imaginei loucos passeando num arame invisível,

atravessando as montanhas da solidão,

esqueci os barcos,

as pessoas,

e os dias encaixotado no aquário,

fui pássaro desgovernado,

rio com braços de bambu,

fui nuvem,

fui caixão...

transportando ossos sem nome.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Domingo, 25 de Janeiro de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 20:54

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