Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

28
Jan 15

O teu nome

uma vírgula

encalhados na Península das palavras

o teu nome

uma vírgula

e... e a solidão desalmada do meu triste olhar

quando anoitece

e o vento me rouba o sorriso

ficam nas pálpebras o silêncio amor das quatro paredes graníticas

da prisão esquecida nos teus lábios

perco-me

e corro

 

uma vírgula

entranhada no teu peito

o dardo venenoso da insónia

a arte acorda nas paredes límpidas do meu corpo

 

ardo

sinto as cinzas a alicerçarem-se nas avenidas

da cidade

uma vírgula

solteira

cansada

da cidade os teus beijos envergonhados

desenhados

solteira

uma vírgula

apaixonada.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quarta-feira, 28 de Janeiro de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 00:10
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desenho_2.jpg

 

(desenho de Francisco Luís Fontinha)

 

 

Nunca soube o que era o amor, acreditava nas gaivotas em papel da minha infância, recordo o triciclo enferrujado, o boneco estúpido que apelidei de “chapelhudo”..., que parvalhão apelidava o seu fiel amigo de “chapelhudo”, eu, claro,

As palavras misturados entre orgasmos e flores, gemidos cirílicos suspensos nas andorinhas em flor,

Eu?

Nunca,

O amor,

Poemas escritos debaixo da embriaguez

Freguês?

Nem uma modinha habita na minha algibeira, e o amor sossegado debaixo de uma mangueira, crescia, brincava e...

Nunca,

E embrulhava-se na timidez de um novo dia, e lentamente, os meus ossos alimentados pelos sulcos solitários da noite, a barriga crescia-lhe, é menino? Menina?

Freguês?

Eu, simulador de voo quando as estrelas dormem, e habita na minha algibeira uma película fina de desejo,

O que é o desejo...!

Não

Nunca soube o que era o amor,

Não pai, não pode ser,

A vida é viver, um dia, dois dias, um quatro de dia..., percebes?

VIVER...

E amar?

Não sei, meu pai, não... sei,

O frio entranhava-se-lhe nos ossos fictícios de pequenas partículas de desejo, António inventava fogueiras no olhar, esfregava as mãos como se de um reza se tratasse, mas não, a rua deserta deixava-lhe suspenso nos ombros um fino silêncio de noite, imaginava vãos de escada em cada esquina, desenhava na geada pequenos quadrados, depois, de pé ente pé saltitava como a queda de uma folha,

Um cigarro adormecia-me a alma, reclamava ele quando dois adolescentes se abraçaram a ele

E ele?

Incrédulo,

Vocês. Aqui?

Sim, pá, nós aqui,

António florescia, António corria calçada abaixo até ao rio, sorria... e regressava,

Não,

Não acredito que os meus irmãos estejam aqui, comigo, só nós,

Não,

Um cigarro, tem lume? Que não, que não,

Vocês aqui...

Meus Deus, tanta solidão, frio, fome...,

Foste tu que quiseste, ou não?

E António fulminava o irmão Miguel com as pálpebras inchadas,

Eu é que quis...!

Quase como lâminas afiadas, depois, o acordar da cidade, os primeiros automóveis do dia, depois os últimos bêbados da noite, e depois

Não, não acredito,

Os Primeiros cheiros de Lisboa,

O fumo argamassou todas as palavras... Meus Deus, vocês aqui...

O amor é uma noite escura, imagens tridimensionais vagueiam nos teus seios de Inverno, a geometria do prazer inventa-se,

E transforma-se em películas de desejo, o corpo vacila, sente a tempestade íngreme do desespero, amanhã não há madrugada, amanhecer, horas, sorrisos... e beijos,

O amor?

Uma parábola esquecida no mural de xisto junto ao rio, lá longe os barcos embalsados, aqueles que ninguém ama, quer...

Geometria, equações trigonométricas com odor a poesia

Possível

E no entanto o amor é uma noite escura, sombria, habitada pelo medo da paixão, uma rua, uma avenida... e embriagados transeuntes olhando monstras desertas, as insinuações acomodadas do dia, sentado, de pé... correndo,

Escrevo palavras para não morrer, e o amor é uma noite escura, imagens, retratos, e... e quadros desconexos,

Avenida,

Sem sentido,

Correndo

Possível?

Correndo sobre as tempestades de areia, e acordo sobre a imensidão do impossível, dos amargos lábios do poema,

Palavras,

Mortas... encaixotadas nos teus lábios...

 

 

 

(texto de ficção)

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Janeiro/2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 20:31

A1_039.jpg

 

(desenho de Francisco Luís Fontinha)

 

 

Este caixote sem janelas

que habita o meu cérebro cinzento

as palavras belas

que sinto

quando acorda o amanhecer

e não encontro o teu corpo na minha cama,

 

As imagens do silêncio

reescritas na tua mão de porcelana

regressar é impossível

viver...

sonhar

sem saber que amanhã não existe mar,

 

Maré dos enganos

sílabas assassinadas pela caneta negra...

um desenho

(uma porcaria de desenho...)

suspenso na forca da idade

como serpentes em pedacinhos descendo a montanha,

 

As sombreadas verrugas do Adeus

quando o caixote arde na cinza madrugada

o meu cérebro morre

e leva as minhas palavras...

o meu cérebro morre...

e leva o meu corpo.

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quarta-feira, 28 de Janeiro de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:53

Desenho_A1_004.jpg

 

(desenho de Francisco Luís Fontinha)

 

O amor é uma noite escura, imagens tridimensionais vagueiam nos teus seios de Inverno, a geometria do prazer inventa-se,

E transforma-se em películas de desejo, o corpo vacila, sente a tempestade íngreme do desespero, amanhã não há madrugada, amanhecer, horas, sorrisos... e beijos,

O amor?

Uma parábola esquecida no mural de xisto junto ao rio, lá longe os barcos embalsados, aqueles que ninguém ama, quer...

Geometria, equações trigonométricas com odor a poesia

Possível

E no entanto o amor é uma noite escura, sombria, habitada pelo medo da paixão, uma rua, uma avenida... e embriagados transeuntes olhando monstras desertas, as insinuações acomodadas do dia, sentado, de pé... correndo,

Escrevo palavras para não morrer, e o amor é uma noite escura, imagens, retratos, e... e quadros desconexos,

Avenida,

Sem sentido,

Correndo

Possível?

Correndo sobre as tempestades de areia, e acordo sobre a imensidão do impossível, dos amargos lábios do poema,

Palavras,

Mortas... encaixotadas nos teus lábios...

 

 

(…)

 

 

(texto de ficção)

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quarta-feira, 28 de Janeiro de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 01:18

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