Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

03
Jan 15

(Desenho de Francisco Luís Fontinha)

 

 

Oiço Oumara Moctar Bambino,

o sémen invisível do sono alicerça-se aos lençóis de porcelana,

habito um terceiro andar reumático,

romântico,

loucamente apaixonado,

brinco com os círculos do desejo,

tenho um sonho,

acordo e sinto-me um palhaço de vidro,

sem beijos,

sem... sem abrigo

Oiço Oumara Moctar Bambino,

e uma jangada de insónia poisa no meu ventre...

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 3 de Janeiro de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 15:03

02
Jan 15

(desenho de Francisco Luís Fontinha)

 

 

Sílabas desencantadas com as minhas tristes palavras,

vírgulas... suicidadas

na árvore azul da parede de gesso,

do outro lado... o espelho do teu olhar,

... o meu rosto parece um verme faminto,

... o meu corpo sobrevoa as sombras do poema...

sem título,

sem dedicatória...

sou uma nódoa envelhecida,

que desce as profundezas do desejo,

sou um esqueleto sem estória...

um pedaço de papel em brasa,

sílabas,

desencantadas,

tristes palavras,

que o tempo alimenta e o luar desenha (no espelho do teu olhar)

as canções emagrecidas,

as cordas voláteis dos homens sem cidade para vomitar...

sem título,

sem dedicatória... nem arma para disparar.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sexta-feira, 2 de Dezembro de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:54

01
Jan 15

(desenho de Francisco Luís Fontinha)

 

 

deixei de sentir a tua fotografia nos meus lábios

vi uma lágrima de vácuo galgando o teu rosto

em direcção ao mar

pertencíamos aos peixes sem asas

brincando sobre a árvore das palavras

havia uma tempestade de aço

sobre as tuas pálpebras amordaçadas

e não sabíamos que o amor era um fugitivo

um cadastrado destino

um homem suspenso na gravata dos cintilantes amanheceres

um cadastrado destino

acorrentado à tua fotografia

sem tu o saberes

perdemos os abraços

os beijos

e as caricias defeituosas da madrugada

perdemos o orgasmo literário de uma janela em Belém

sem tu o saberes

a noite construída de infinitos gemidos

e nem tempo tivemos para desamarrar o luar que nos cercava...

o fugitivo amor

um cadastrado destino

a noite construída de mimos

e armadilhas

e simples ruínas

como o vómito da cidade depois de acordar...

sem tu o saberes

o exilado casaco de couro balançando na ponte da angústia

o cheiro sulfuroso das avenidas em flor...

e da tua fotografia que vivia alicerçada aos meus lábios...

nada

desapareceu na neblina

talvez cansada

talvez... talvez

talvez ensanguentada nas mãos em ciúme.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quinta-feira, 1 de Janeiro de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 23:13

(desenho de Francisco Luís Fontinha)

 

 

Os poemas vencidos

as palavras despedidas pelo patronato

quando a cidade ainda não acordou

os livros carcomidos pelos velhos planetas do teu olhar

o luar em constante destruição depois do adeus

os poemas vencidos

gritando na esplanada desventrada

a cidade é nossa... a cidade é... n o s s a...

e a cidade é apenas um espelho com asas de papel

e lábios de paixão

os poemas não vêem...

nem caminham junto à praia da insónia.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quinta-feira, 1 de Janeiro de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 20:23

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