Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

28
Fev 15

Acrílico 30x50_2.jpg

(desenho de Francisco Luís Fontinha)

 

 

não inventes nos meus sonhos

a embriaguez da despedida

o silêncio pincelado de luar

quando ainda não existe luar na tua mão

não inventes

sonhos

viagens sem regresso

viagens sem partida

há dentro deste corpo

todos os alicerces da melancolia

há no teu olhar

as palavras da madrugada

sem fantasia...

e não sei porque me sento nesta pedra

esperando o esqueleto de papel

há muito esquecido na floresta

sem amor

sem paixão de saltar as sombras do amanhecer

e sempre que quero

não sei onde habitam os teus lábios

comestíveis beijos

não

inventes

sonhos nos meus sonhos sem vida...

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 28 de Fevereiro de 2015

 

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:25

Não penso

não imagino as palavras semeadas nos relvados da saudade

não penso

não durmo

acreditando nas marés de vidro

descendo da montanha

imagino...

riscos suspensos na alvorada

crianças de luz gritando pela liberdade

e nada

nem ninguém

nas ruas desta cidade.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 28 de Fevereiro de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 20:38

28
Fev 15

Os outros, o monstro das quatro cabeças brincando dentro de mim, saltava à corda, subia aos pinheiros pintados em papel cenário..., e havia sempre um pigmentado sorriso nos seus lábios, era Sexta-feira, daquelas Sextas-feiras que iluminam as imagens a preto e branco, o sono, a agonia de olhar o mar desenhado numa das paredes do quarto, escuro, ainda boiava a noite nas veias da adrenalina constelação do amor, aquele amor inventado apenas para adormecer na poesia, nada mais do que isso...

Isso o quê, meu amor!

Os outros, o monstro

Batem à porta,

Livros, livros nas mãos cardume do carteiro, assine aqui se faz favor, assinei, foi-se embora, escondido no arvoredo comecei a acariciar o envelope, lá dentro percebia-se que alguém existia para me abraçar, daqueles abraços trigonométricos, sabes?

Sei, os outros, o monstro, a perfeita nostalgia ,sebes de papel laminado voando sobre o jardim

O gajo passou-se, dizem...

Que sim, livros, Isso o quê, meu amor! Batem à porta, e falou comigo.

 

 

 

(ficção)

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sexta-feira, 27 de Fevereiro de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 00:04

as palavras amaldiçoadas do teu poema

moribundo

sem personagens nem cidades floridas

os teus sonhos encantados

masturbados na triste insónia da noite

quando a noite deixou de existir

e hoje

apenas um cortinado de fumo

sem olhar

sem alma

se tens alma no teu amar...

se tens olhar na tua alma de brincar...

e as palavras de chorar

as fechaduras do teu peito

e as janelas dos teus seios

sem fotografia para o mar

se há olhar na tua alma

então este barco não é sucata

nem monstro da infância

se há alma no teu amar

porque existem correntes em aço

que me aprisionam a este muro em xisto...

com lábios em desejo

desejando a insónia da noite...

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sexta-feira, 27 de Fevereiro de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:45

Os teus lábios acorrentados aos meus beijos embriagados pelo desejo, não o sinto, o vulcão da tua pele, não vejo o sorriso da tua mão, em vulcão, mergulhada nas palavras que o silêncio desenha na melancolia,

É falso,

O dia disfarçado de lápide, os outros destinos rejeitados pelo cacimbo, há uma fogueira no corpo da sinfonia do amor,

É falso,

O falso prazer, a liberdade to TEXAS e Cais do Sodré gingava na penumbra salgada do abismo,

O querido dança?

Fumo,

É falso,

São falsas, os textos a beleza e o amar, quando o amar pertence aos clandestinos eternos sonos dos Narcisos de prata, o pilar central do orgasmo mergulhada entre duas árvores,

Amar, amor,

Ao fundo os homens calcetando labaredas em poesia adormecida... é falso, que o amor morra nas planícies salgas do deserto...

 

 

 

(ficção)

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sexta-feira, 27 de Fevereiro de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 01:01

26
Fev 15

A1_001.jpg

(desenho de Francisco Luís Fontinha)

 

 

O dia suicida-se junto aos cedros

poisa na minha mão as suas lágrimas de chocolate

acende um cigarro

esconde os lábios na sonolência da cidade de prata

e parte

sem deixar saudade...

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quinta-feira, 26 de Fevereiro de 2015

 

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:33

25
Fev 15

Desenho_A1_051.jpg

(desenho de Francisco Luís Fontinha)

 

 

o imaginado silêncio

pela orquídea do desejo

palavra por palavra

o sangue que foge da veia amaldiçoada

como a charrua

entranhada

na terra...

abraça-se ao poema

fingindo que amanhã não há madrugada

nem amanhecer

esta cidade inventada

em páginas de cartão

 

o imaginado silêncio

na mão

de uma sombra envenenada

ele espera pelo regresso da amada

mas o amor é uma carta

sem palavra

sem nada

que só a morte sabe reconhecer

quando o mar entra dentro de casa

e gritam

os barcos encalhados

nos semáforos da saudade...

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quarta-feira, 25 de Fevereiro de 2015

 

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:22

24
Fev 15

Desenho_A1_056.jpg

(desenho de Francisco Luís Fontinha)

 

 

quando as palavras semeadas no papel envelhecido

morrem

aquele que as escreve

despede-se

entre lágrimas e falsos sorrisos

um desenho insignificante

poisa docemente no vulcão da madrugada

sem mágoa

ou... ou paixão

abraça-se à noite dos tristes aconchegos

grita pelos sonhos

e... e em vão...

 

percebe que a vida é um triângulo de luz

voando nas ruas húmidas do desejo

tenho medo do silêncio

e do cansaço dos dias junto ao rio...

aquele que as escreve

despede-se

e parece um vadio

esmiuçando ossos e cigarros

ou... ou talvez não...

porque tem no corpo um vazio

um buraco negro recheado de insónias e imagens sem nome

como têm os pássaros nos prismas imaginados por uma árvore doente...

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Terça-feira, 24 de Fevereiro de 2015

 

publicado por Francisco Luís Fontinha às 20:51

24
Fev 15

Desenho_A1_078.jpg

 

(desenho de Francisco Luís Fontinha)

 

 

Os sete orgasmos do Mussulo, a liberdade sobre as palmeiras invisíveis que me atormentavam, como campânulas de sofrimento, ao deitar, o caixão que dançava deixou de o fazer, dificuldades com o cachê, dispensa de artistas e cadáveres de cera, um altar recheado de almas, tantas almas como os versos do sem-abrigo quando sentado numa cadeira apodrecida de um circo ambulante,

Quero ser artista, mãe!

Nem penses..., nem... penses...

Filho meu não é artista!

Nunca,

Nunca, mãe?

Os sete, juntos, e sós, no Mussulo era mais barato, a saia descaída, o soutien desenhado no peito

E...

Nunca, mãe?

Nunca,

Nunca

No peito uma flecha de sémen rodopiando no gelo do ringue de patinagem,,,, o belo, a dança... e o corpo em pequenas rotações...

 

 

(ficção)

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Segunda-feira, 23 de Fevereiro de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 00:13

Desenho_A1_071.jpg

 

(desenho de Francisco Luís Fontinha)

 

 

o triturador do sono

mergulhado nos teus olhos incandescentes

tens nos lábios o pingente beijo

iluminado pela saudade

entre quatro paredes

paredes

sós

nem porta

janelas

cubículo de prata

onde habitam todos os cheiros da cidade...

as abelhas do amanhecer saboreando a tua pele de mel

como se tu

janelas

fosses um pedaço de pólen

ou

nem portas

e nas paredes

as frestas da insónia

sombreadas

e acorrentadas

às sílabas enforcadas

do velho barco de esferovite...

que em criança eu brincava.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Segunda-feira, 23 de Fevereiro de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:39

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