Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

12
Fev 15

As sombras, e pensava em ti, meu amor, quando adormeciam as imagens lânguidas do sofrimento, o vulcão das tuas coxas,

O regresso?

Nunca

As sombras, o timbre fixo da foz espetada numa caixa de cartão, tinhas nas mãos a safira paixão das noites em flor,

Nunca, nunca conheci a tua pele, era sempre noite em nós, adormecíamos como dos corvos suspensos na putrefacção da insónia, cintilavam os teus seios nas pálpebras do mal-me-quer adocicado, louco

Apaixonado, eu?

O corpo incha como uma orquestra desafinada, os lençóis de linho misturados com os beijos nocturnos do sémen inventado pelos rochedos da memória, hoje há caracóis, sardinhas... os monstros marinhos da tua língua, os teus seios abraçados a uma tela vazia, branca, triste como as ruas da cidade do abismo,

Hoje?

O velho caixote em madeira embrulhado com as comestíveis sereias de açúcar, a fotografia sempre extinta no meu olhar, não

Existes?

Talvez...

Mas sonhava, desenhava figuras geométricas nos lençóis da tempestade, sacudia as infames equações do orgasmo, e

Silêncio...

Que roupa vou vestir amanhã, mãe?

Silêncio,

E depois dos desejados sonhos do meu candeeiro

Porque nunca rezei,

Mãe...!

 

 

(texto de ficção)

Francisco Luís Fontinha – Alijó

quinta-feira, 12 de Fevereiro de2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 00:18

Desenho_A1_091.jpg

(desenho de Francisco Luís Fontinha)

 

 

O corpo suspenso nas quatro esferas da insónia

o ignóbil silêncio alicerçado aos braços da paixão

e sem o saber

morre na cama do prazer,

 

Alegre

o feliz moribundo com lábios de papel...

ao longe o mar

e todas as sílabas do poema

o corpo estremece

como se fosse uma fresta invisível no peito do amante

ele ausente

e não sente

as lágrimas da solidão

que invadem a cidade da loucura...

o amor são flores mórbidas

com odor a putrefacção,

 

O corpo...

que finge a morte sobre uma velha folha de cartão

não sofre

no olhar

as marés salgadas do beijo

ele ausente

e não sente...

a amargura do desejo...

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quinta-feira, 12 de Fevereiro de 2015

 

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:38

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