Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

19
Fev 15

Desenho_A1_104.jpg

 

(desenho de Francisco Luís Fontinha)

 

 

Sinto-me um caixote em madeira, um socalco lágrima descendo até ao Douro, uma eira, imaginada em Carvalhais – S. Pedro do Sul, sinto-me a noite vestida de negro, abraçada aos meus sonhos, sem poder mais,

Amanhã, meu amor!

O circo, os palhaços narcisados nas palavras escritas pelo fantasma do silêncio, a minha vida uma “merda” comparada com a vida dos meus vizinhos, hoje sonhei que a pobreza tinha morrido... como se a pobreza tenha morte... este momento embriagado em poemas de amor,

Poder mais...

Os sorrisos, a mentira do soneto sobre os ombros vergados de uma enxada, o cristal opaco que sobressai nas fotografias de infância, a dor, e a doença

Sinto-me

E a doença sifilítica nos dedos do artista, adormece a tela, o poema e a musa do poeta,

Sinto-me... um suicidado cadáver de esperma, um transeunte canalha com suspensórios e gravata, e sapatos de ponta delgada,

Um café Doutor?

Café...

Faltam-me os cigarros...

 

 

 

(texto de ficção)

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quinta-feira, 19 de Fevereiro de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 00:26

Desenho_A1_052.jpg

(desenho de Francisco Luís Fontinha)

 

 

O destino do homem sem cabeça,

mergulhado no silêncio dos beijos enlouquecidos,

às vezes é mendigo...

às vezes... tem medo do perigo,

e foge,

e esconde-se no volátil vulcão da pele em flor,

sem o saber,

apaixona-se

e morre

num jardim perto de casa,

é dono da rua infestada de pássaros

que habitam nas mãos das amoreiras,

 

Erguem-se as árvores nuas da saudade,

passeiam-se como estátuas nos subúrbios das pálpebras do desejo,

abraçam-se

e abraçam-se...

como loucos cubos de vidro

entranhados no luar,

o corpo emagrece

e voa sobre as calçadas de aço...

podíamos construir na noite uma jangada de espuma,

adormecer no olhar da última maré do dia...

e o destino do homem sem cabeça

nas arcadas invisíveis do infinito...

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quinta-feira, 19 de Fevereiro de 2015

 

publicado por Francisco Luís Fontinha às 20:52

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