Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

01
Mar 15

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(desenho de Francisco Luís Fontinha)

 

 

Podíamos ancorar as estes versos, permanecermos impávidos das celestes lágrimas do Universo, Saudade? Caminhei, sentei-me sobre as quatro sombras da preguiça, sofri, sonhei, aprendi que o amor é um cubículo sem janelas,

Junto ao mar,

É tão lindo, o mar, mãe...

Os barcos e as jangadas de silêncio, os embriagados corpos dançando no texto, encerra-se o livro, e morre o escritor,

Um poema...

Palavras, sons, imagens, barcos, marés... sucata amaldiçoada pela fresta do luar, a astronomia e a matemática, dormem, saciam-se nas metáforas da insónia, corpos, nus, entre eles... o sexo desenhado em cada esquina, a porta do quarto rangia, gemia, e sabíamos que ninguém nos ouvia,

Orgia?

De palavras e de poesia,

Um poema?

Negro, opaco, sem corpo nem cabelo, morto, fictício... mas pouco, pouco, como os dias à tua espera...

 

 

(ficção)

Francisco Luís Fontinha – Alijó

publicado por Francisco Luís Fontinha às 00:36

Acrílico 40x40.jpg

(desenho de Francisco Luís Fontinha)

 

 

não inventes nomes

detesto nomes

ruas

e cidades

das palavras

os orgasmos sentidos

dos livros

as palavras dos orgasmos sentidos...

o silêncio

a morte envergonhada

à minha porta

sem prazer

 

crescer

voar sobre os telhados desanimados

tristes

e... e cansados

não inventes nomes

moradas

idade

sexo

para quê?

quando há na madrugada uma mistura gasosa de sílabas e vogais enlouquecidas

fumadas

e... e sentidas

 

as palavras

que inventas

e comes

em cada alvorada sofrida...

não inventes imagens de verniz

que a chuva absorve

em cada tempestade

trazida

por um homem

louco

ou... partida

ou apátrida loucura do homem em cada tempestade... trazida.

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Domingo, 1 de Março de 2015

 

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:37

Não quero ser como tu,

uma cratera de palavras,

invisíveis,

e mortas,

não,

não quero pertencer às tuas mãos,

não,

não quero poisar no teu peito envenenado pelo silêncio de pedra,

e às vezes, sem o saber, escondo-me na tua sombra,

como um rio amachucado,

dentro de uma folha em papel...

como um rio engasgado nos rochedos da melancolia,

hoje, Domingo, Março, primeiro dia...

de quê?

da tristeza?

ou... ou do inferno entardecer vestido de cidade...

ruas,

automóveis enlouquecidos correndo até ao mar,

avenidas e ruelas,

Março,

primeiro dia...

não,

não quero ser como tu...

um calendário pendurado numa das quatro paredes do abismo,

sem coração,

sem pálpebras de nada quando acendes a luz e a literatura voa nos nossos corpos,

somos dois pontos esquecidos no espaço,

um buraco negro,

corremos em direcção à estrela mais próxima...

e acordam as cinco primeiras canções das estátuas de pedra,

há no teu olhar as sete imagens da seara do sono,

e dos sonhos vejo os transeuntes procurando a sombra do pôr-do-sol,

estás triste, hoje,

primeiro dia,

Março,

e sem o saber... hoje é Domingo...

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Domingo, 1 de Março de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 20:27

Acrílico 40x40_8.jpg

(desenho de Francisco Luís Fontinha)

 

Beijou-me literáriamente, sorri, levantei o olhar em direcção às palavras de amar, não tive coragem de abraçá-la com as vogais e as consoantes do poema, alegremente imaginava-me um transeunte sem identidade, nos sonhos aparecias vestida de melancolia, as fotocópias e as fotografias, sem identidade, nome, palavras de amar

Amanhã?

Não o sei, percebi que as pálpebras do desejo habitavam nos nossos corpos de cinza, perdia-me nos teus braços como se perdem as gaivotas nos cacilheiros da saudade, palavras, palavras enigmáticas em construção, o corpo minguava na escuridão, o monstro das quatro cabeças dançando nos meus ombros, sentia-me uma circunferência sem olhar, sem... sem um corpo para aportar, a saudade

Sentidas,

Os triste silêncios da minha infância saltando os muros da Primavera, as amendoeiras em flor, as andorinhas apaixonadas, e eu

Sentidas,

A saudade que os meus braços abraçavam,

Saudade?

Caminhei sobre as pedras sonolentas da literatura, cansei-me dos teus poemas e da “merda” dos teus desenhos,

Sentidas?

Sem identidade...

 

 

/(ficção)

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Domingo, 1 de Março de 2015

 

publicado por Francisco Luís Fontinha às 01:11

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