Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

09
Mar 15

Amanhã, cor-de-rosa, húmidas canções de Primavera nas ilhargas do silêncio, habito, tu habitas e ele apaixonado, pelos pássaros, hoje

As primeiras andorinhas, falei com elas, conversamos sobre poesia

Acreditas, meu amor?

Poesia...

Hoje centenas de iões dentro de um quarto escuro, sem janelas, sem porta

Cadeia?

A cárcere, da palavra, sem porta, sem... vida, mesmo assim sou feliz naquele local, chamar-lhe-ás... cemitério, jazigo, mas não, meu amor, a cárcere da palavra, como?

A cárcere, da palavra, ou, A cárcere da palavra?

Narcisos, viajantes bagagem, imponderáveis poetas, nos beijos, nas bocas sideradas pela saliva, em pequeno, ele, imaginava a escola um grande navio, o porão

Tão fundo, mãe,

Meu amor, as palavras cinza das minhas mãos, ter-te e não te ter, nos meus braços, as imagens a preto-e-branco dos teus olhos, existes?

Tão fundo, mãe...

A paixão e o amor, o centeio correndo em redor do pôr-do-sol, e ele

Coitado, imaginar uma escola um grande barco...

Louco, e ele, mãe, dizia-me que os sonhos são desenhos de um qualquer pintor em desespero, a renda de casa, luz, pouco mais do que isso

Pobres homens e mulheres...!

Tão fundo, mãe... a paixão e o amor, o centeio correndo em redor do pôr-do-sol, e ele... e ele embrulhado em sonhos, sonhos, mãe...

 

 

(ficção)

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Segunda-feira, 9 de Março de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 00:27

Sinto as tuas lágrimas no espelho da manhã

como campânulas de luz embriagadas pelo silêncio

roubaram-me a esplanada e as cadeiras onde me sentava

e...

percebia quando passavas apressadamente

que o dia não tinha acordado

pálpebras cerradas

corredores escuros onde te escondias

quando regressava a noite

e...

percebia...

as vozes da saudade dentro de um cubo de vidro

 

os vultos nocturnos embrulhados na morte

como flores em decomposição

perdem o perfume

e a pele começa a envelhecer

transformam-se em cinza

cigarros a arder

cigarros procurando avenidas de voo

enquanto o fumo se distrai a observar o rio

transatlânticos

marinheiros de homens

engatados pelas árvores de um qualquer jardim

de uma cidade em construção...

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Segunda-feira, 9 de Março de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:41

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