Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

18
Mar 15

Margarida preferia o silêncio, Francisco fica-se pelas imagens de infância,

Lisboa, meu “Deus”,

Nasceu e cresceu na cidade das esplanadas e dos barcos, brincava na rua, durante a noite gritava

Angola...

Foi-se,

Morreu,

E à noite gritava pelos pássaros que durante o dia abraça invisivelmente como os cortinados da insónia,

Foi-se

Não quero pai, Angola, a guerra nas tuas veias, o Grafanil em baile de Carnaval, os nossos filhos

Já pensaste nisso?

A minha mãe chorava, acreditava que o filho mais velho teria o mesmo destino

Pai?

Que o mesmo destino do pai...

Foi-se, uma Sexta-feira partiu de mala aos ombros, lá dentro, quase nada, alguns livros, poucos, e o estojo da barba, impertinente, este homem, sempre aprumado,

Já pensaste nisso?

Pai?

Que o mesmo destino do pai... voar sobre as sanzalas de crista, STOP, ao fundo da rua, virava à esquerda

“Putas”

Livros,

Cigarros nos bolsos de Margarida,

Ainda fumas, minha querida?

Claro que sim, claro que sim...

STOP

Sem perceber que a vida é uma roldana em aço.

 

 

 

(ficção)

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quarta-feira, 18 de Março de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 00:23

O fantasma orgulho do corpo

que navega nos sorrisos imperfeitos

fingimento

quando a noite cai

não vive

e quer

ser

não sendo

o que é...

uma lâmpada de lágrimas

alicerça-se ao ombro ferido da serpente

tem na roupa a etiqueta

 

mas...

mas existem pedras de giz

na ardósia tarde que observa o rio

não vive

e quer

ser

não sendo

o que parece

às vezes é uma estrela

às vezes... não passa de uma sombra

velha por dentro

infeliz

 

coitada

e quer

a serpente sobre a secretária

difícil de perceber

o amor

as palavras

os livros

e todas as lâminas que o sono constrói no sonho

a casa desabitada

infestada de personagens

cansadas

como o silêncio luar...

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quarta-feira, 18 de Março de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:17

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